São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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TRAGÉDIAS PARALELAS

Não há lugar mais miserável sobre a Terra do que a África subsaariana. Fome, guerra e doenças parecem ter-se unido para destruir o subcontinente. Só a desnutrição ameaça matar 13 milhões de africanos nos próximos meses. Os aidéticos no continente já chegam a 28 milhões. Nos países africanos a Aids é moléstia que mata rapidamente.
Em meio a tantas tragédias paralelas, surge uma boa notícia. Pelo menos as guerras parecem estar diminuindo. Na semana passada, dois conflitos africanos podem ter tido suas soluções equacionadas.
No Sudão, o governo de Cartum, dominado por árabes muçulmanos do norte do país, ofereceu ao sul, de maioria negra cristã ou de religiões tribais, uma proposta de autonomia que poderá levar ao fim da guerra civil. Os sudaneses do sul não ficariam mais sujeitos à "sharia", a lei corânica, e, dentro de seis anos, haveria um plebiscito para decidir sobre a independência da parte meridional do país. Na República Democrática do Congo, o antigo Zaire, autoridades locais assinaram um tratado de paz com a vizinha Ruanda. O entendimento pode pôr fim à mais sangrenta guerra em curso no planeta.
Seria, evidentemente, precipitado considerar definitivas essas iniciativas. Outras tréguas e pactos já foram desrespeitados no passado. De todo modo, o número de conflitos na África subsaariana vem caindo.
Em 1999 havia sete guerras entre nações e 11 conflitos civis no continente. Em 2001, os números caíram para seis e oito, respectivamente. Agora a situação pode melhorar algo mais. Além das boas perspectivas para o Sudão e Congo-Ruanda, é preciso contabilizar o fim da guerra civil em Angola, que acabou depois que o líder rebelde Jonas Savimbi foi morto em fevereiro passado.
De modo geral, as guerras na África estão longe de acabar, e os conflitos constituem apenas parte dos problemas do continente. Mesmo assim, constatar que há menos guerras é sempre uma boa notícia.



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