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TRAGÉDIAS PARALELAS
Não há lugar mais miserável
sobre a Terra do que a África
subsaariana. Fome, guerra e doenças
parecem ter-se unido para destruir o
subcontinente. Só a desnutrição
ameaça matar 13 milhões de africanos nos próximos meses. Os aidéticos no continente já chegam a 28 milhões. Nos países africanos a Aids é
moléstia que mata rapidamente.
Em meio a tantas tragédias paralelas, surge uma boa notícia. Pelo menos as guerras parecem estar diminuindo. Na semana passada, dois
conflitos africanos podem ter tido
suas soluções equacionadas.
No Sudão, o governo de Cartum,
dominado por árabes muçulmanos
do norte do país, ofereceu ao sul, de
maioria negra cristã ou de religiões
tribais, uma proposta de autonomia
que poderá levar ao fim da guerra civil. Os sudaneses do sul não ficariam
mais sujeitos à "sharia", a lei corânica, e, dentro de seis anos, haveria um
plebiscito para decidir sobre a independência da parte meridional do
país. Na República Democrática do
Congo, o antigo Zaire, autoridades
locais assinaram um tratado de paz
com a vizinha Ruanda. O entendimento pode pôr fim à mais sangrenta guerra em curso no planeta.
Seria, evidentemente, precipitado
considerar definitivas essas iniciativas. Outras tréguas e pactos já foram
desrespeitados no passado. De todo
modo, o número de conflitos na
África subsaariana vem caindo.
Em 1999 havia sete guerras entre
nações e 11 conflitos civis no continente. Em 2001, os números caíram
para seis e oito, respectivamente.
Agora a situação pode melhorar algo
mais. Além das boas perspectivas
para o Sudão e Congo-Ruanda, é
preciso contabilizar o fim da guerra
civil em Angola, que acabou depois
que o líder rebelde Jonas Savimbi foi
morto em fevereiro passado.
De modo geral, as guerras na África estão longe de acabar, e os conflitos constituem apenas parte dos problemas do continente. Mesmo assim, constatar que há menos guerras
é sempre uma boa notícia.
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