São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Transições semânticas
"De megaespeculador, George Soros passou a megainvestidor quando fez declarações em favor do candidato do governo e das elites que estão por cima da carne seca. Empréstimo do FMI agora virou acordo. Fizeram acreditar que Paul O'Neil errou quando deu com a língua nos dentes e confessou que o dinheiro dos empréstimos do Fundo vai parar na Suíça. Já viu alguém ter que se retratar por ter falado a verdade? Mais: quem ousaria dizer que o Azulão não era nada disso até antes do jogo começar, depois de tanta babação da mídia? Com tanta paulada na cabeça, como não ser gado novo nessa imensa boiada?"
José Augusto Lisboa (São Paulo, SP)

O Brasil e o FMI
"Sabemos que não é fácil para o humilde cidadão brasileiro entender que o país precise de dólares e que, para tal, recorra ao FMI. O Brasil não é o único país do planeta a procurar esse recurso. Mas como entender que há décadas o Brasil vem emprestando dinheiro e não cresce o suficiente para diminuir essa dependência? É obvio que os dólares emprestados não estão sendo aplicados para desenvolver o país, mas para desenvolver particularmente quem tem o poder de controlar esse dinheiro. Em cada um de nós existe um pouco de Paul O'Neill."
Wasny Paulo de Oliveira (Jacareí, SP)

O futuro de FHC
"Consciente dos grandes serviços prestados ao Brasil, FHC, aconselhado por Clinton, tenciona entrar para o ramo das palestras remuneradas, pois ninguém é de ferro e as suas parcas aposentadorias, com a crise em que ele mergulhou o país, já não garantem o leitinho das crianças. Nas suas futuras andanças pelo mundo da modernidade, FHC falaria sobre os problemas brasileiros e, certamente, sobre a maneira mais eficaz de não resolvê-los, uma vez que, após dois mandatos, deixa o país com o dólar na estratosfera e batendo às portas do FMI."
Thelman Madeira de Souza (Rio de Janeiro, RJ)

Nostalgia do pulso firme
"Até 1984, tínhamos menos liberdade. Em compensação, havia menos desemprego, os funcionários públicos e aposentados não passavam fome, pois éramos a maior economia do hemisfério sul. E, se algum falastrão lá de cima ousasse arranhar nossa soberania, certamente aqui não seria recebido de braços abertos, pois nossos governantes eram "cabras machos"."
Suzana Magalhães (Rio de Janeiro, RJ)

Indenização antitabagista
"Não é "aventura jurídica" a ação que o testador de cigarros Marcos Ribeiro da Costa está movendo contra a Souza Cruz (Cotidiano, pág. C6, 4/8). É uma piada jurídica misturada com "Lei de Gérson"."
Bob Sharp (São Paulo, SP)

De volta à licitação
"É constrangedora a notícia de que o senador cassado Luiz Estevão vai participar da licitação para o término da construção do prédio do TRT de São Paulo. Apesar de inocentado, ficou a "dúvida" entre nós. O mínimo de decência que se poderia esperar é que ele nunca mais se aproximasse do dinheiro público."
Gislaine Rossetto (Campinas, SP)

Viagem da prefeita
"A respeito de nota publicada sábado na coluna "Painel", sobre questionamento do vereador Gilberto Natalini (PSDB) da viagem da prefeita Marta Suplicy à Bahia para participar de atividades de campanha na tarde de sexta-feira, sugerimos que o vereador esclareça os leitores sobre as atividades de campanha do governador, candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, que rotineiramente envolvem a estrutura do governo, assim como as do senador e candidato à Presidência da República José Serra, já que ambos não se afastaram de seus cargos públicos e atribuem boa parte de suas agendas diárias à campanha eleitoral."
José Américo Ascêncio Dias secretário municipal de Comunicação e Informação Social da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Colaboradores da polícia
"Muito bons os artigos publicados em "Tendências/Debates" neste sábado sobre o "auxílio" dos detentos às operações policiais, cada qual defendendo seu ponto de vista. Se é verdadeira a afirmação de que dentro dos presídios há quem queira colaborar com o sistema, é bom lembrar que essa ajuda não se dá de graça. Ao contrário, a recompensa deve valer o enorme risco de ser tido como colaborador da polícia, fato punido com pena capital, segundo o "código" dos presos. Não havendo previsão em nosso ordenamento jurídico a respeito, qual o benefício prometido a esses detentos que saíram para "diligências", alguns deles mais de 20 vezes ao mês? À parte a questão moral, a ausência de lei, por si só, impede que a polícia se utilize de tal expediente. O fato merece cuidadosa investigação, não obstante a autorização judicial que, nesse caso, não legitima o ato."
Daniela Sollberger Cembranelli procuradora do Estado e integrante do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

"É procedente a polícia utilizar a colaboração de detentos em suas operações. Para combater o crime, que vem aterrorizando a sociedade, exigem-se atitudes audaciosas. A esta altura do campeonato, não podemos nos curvar ao princípio da legalidade. Mecanismos mais eficazes são relevantes para conter o triste índice de homicídios e de pânico numa sociedade que grita por socorro."
Cláudio Faria Leite (Divinópolis, MG)

Mudança de língua
"Muito bacana a Ilustrada divulgando novas bandas de rock européias e norte-americanas. Será que os jornais europeus e norte-americanos estão divulgando as novas bandas de rock do Brasil e os novos artistas da MPB? Eu acho que não. Donde se conclui que a Ilustrada deveria ser escrita em inglês, conforme devem preferir seus "articulistas" e "críticos musicais". Ficaria mais "chique", não? Que mentalidade colonizada!"
Fernando César de Andrade (Niterói, RJ)

Premonição
"Em sua bela HQ intitulada "Le sommeil du monstre" (O sono do monstro, 1998), Enki Bilal, autor de origem iugoslava, cria personagens desesperadamente cínicos em meio a cenários urbanos que misturam degenerescência social, futilidade tecnológica e poluição extrema. A ficção se passa em torno de 2030, em meio ao surgimento de seitas neofundamentalistas que tramam contra a ciência, a cultura e a civilização, após período de crise global. A causa dessa crise, nas palavras do autor, teria sido o desenvolvimento de "gangrena mafiosa no seio do neoliberalismo do início do século 21", entre 2002 e 2003. Claro, toda e qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência!"
Marcelo Teixeira de Oliveira (Florianópolis, SC)

Editorial
"Bastante oportuno e preciso o editorial da Folha de sábado "Sexo entre jovens". Efetivamente, é a educação que poderá minimizar as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. Contudo, o fundamentalismo e a miopia de várias religiões e/ou de facções delas, tocados "en passant" no mencionado editorial, ainda são de influência crítica no setor: as mais variadas crenças preferem manter seus dogmas imutáveis a preservar a vida, a qualidade de vida ou mesmo a existência não desejada de um ser humano, como se ainda estivéssemos na Idade das Trevas."
Celio Levyman, médico, mestre em neurologia pela Unifesp, ex-conselheiro e ex-diretor do CRM paulista (São Paulo, SP)



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