São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

KENNETH MAXWELL

Fora e dentro

Em 1891, Andrew Carnegie construiu duas torres no seu grandioso Carnegie Hall, localizado em Nova York, na esquina da rua 57 com a Sétima Avenida. Em 1960, incorporadores imobiliários desejavam demolir o complexo, mas uma campanha pública comandada pelo violinista Isaac Stern convenceu o governo municipal a adquirir o imóvel.
Os dois últimos inquilinos dos apartamentos localizados nas torres do Carnegie Hall -grandes estúdios, muitos deles dotados de claraboias especiais a fim de propiciar luz vinda do norte a pintores, e ocupados ao longo do último século por atores, músicos e artistas criativos- devem deixar o imóvel no final do mês.
Marlon Brando morou por algum tempo em um apartamento agora demolido no oitavo pavimento, e Leonard Bernstein, James Dean e Marilyn Monroe estudaram no complexo.
As torres serão completamente remodeladas, em um projeto de renovação orçado em US$ 200 milhões [cerca de R$ 350 milhões]. Será construído o "Instituto de Música Sandy Weill", que portará o nome do ex-presidente do conselho do Citigroup. O instituto Weill tem por objetivo ajudar "as crianças urbanas da cidade de Nova York e de todo o mundo".
Na semana passada, foi anunciado que Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, adquiriu uma das últimas grandes mansões na Quinta Avenida, uma edificação de oito andares em estilo "beaux arts" localizada no número 1.009 da avenida, na esquina com a rua 82, do lado oposto ao museu Metropolitan.
Slim pagou US$ 44 milhões pela mansão. Até 2006, a casa era dos descendentes do dono original, o magnata do tabaco Benjamin Duke. Slim, 70, é mexicano, filho de um cristão menonita que se transferiu do Líbano para o México em 1902 e adquiriu imóveis no centro da Cidade do México depois da revolução.
Nas privatizações executadas pelo presidente Carlos Salinas na década de 90, Slim ficou com 90% das linhas de telefonia fixa mexicanas e, o mais importante, com 80% do mercado de celulares, e expandiu seus negócios posteriormente criando o maior grupo de telefonia móvel da América Latina, com 150 milhões de assinantes em 11 países, entre os quais o Brasil.
Em 2008, ele se tornou o maior acionista individual do "New York Times"; em 2009 emprestou US$ 250 milhões à New York Times Company.
Slim afirmou que "a riqueza é como um pomar; é preciso compartilhar os frutos, não as árvores". O corretor de imóveis está processando o antigo proprietário da casa pelo não pagamento de uma comissão de US$ 880 mil sobre a venda a Slim.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Cristina Grillo: Torcida solidária
Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES
Izabella Teixeira: Marco regulatório para os resíduos sólidos

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.