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PEDIDO DE SOCORRO
Como era previsível, a França e
a Alemanha não aceitaram a
proposta da Casa Branca de transformar a força de ocupação norte-americana no Iraque numa missão da
ONU sob comando dos Estados
Unidos. A recusa franco-germânica,
ao que parece, não é tanto uma rejeição ao princípio de ampliar o papel
das Nações Unidas e mais um desacordo com os termos do plano.
Com efeito, o presidente francês,
Jacques Chirac, e o premiê alemão,
Gerhard Schröder, disseram que a
proposta de resolução apresentada
por Washington não avança o suficiente na questão da transferência de
responsabilidades para os iraquianos nem na definição do papel das
Nações Unidas no país.
A queixa franco-germânica parece
fazer sentido. Ao menos nessa primeira proposta, os EUA tentam obter mandato internacional, tropas e
dinheiro para seguir com a ocupação
sem, porém, dividir o poder decisório. Numa tradução mais crua, a Casa Branca quer soldados que se arrisquem a morrer no lugar dos seus
sem abrir mão de continuar no comando. De todo modo, Chirac e
Schröder deram a entender que a
proposta americana serve de ponto
de partida para as negociações.
A crer em reportagens publicadas
pela imprensa dos EUA, Bush, após
sofrer pressão dos militares norte-americanos no Iraque, acabou aceitando pedir ajuda à ONU, posição
que vinha até aqui rejeitando. O grupo de assessores menos unilateralista, liderado pelo secretário de Estado
Colin Powell, estaria levando vantagem sobre o setor dos "falcões", capitaneado pelo secretário de Defesa,
Donald Rumsfeld, figura central da
aventura no Iraque.
Existe, de fato, uma chance de o
maior envolvimento das Nações
Unidas acelerar a formação de um
governo representativo iraquiano.
Nessa hipótese, as forças estrangeiras poderiam deixar o país, aliviando
a tensão interna. É preciso recordar,
no entanto, que foram os EUA, ignorando a organização, que desencadearam a crise. A situação deteriorou-se tanto que se corre o risco de
uma intervenção da ONU apenas internacionalizar a desmoralização.
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