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São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

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PEDIDO DE SOCORRO

Como era previsível, a França e a Alemanha não aceitaram a proposta da Casa Branca de transformar a força de ocupação norte-americana no Iraque numa missão da ONU sob comando dos Estados Unidos. A recusa franco-germânica, ao que parece, não é tanto uma rejeição ao princípio de ampliar o papel das Nações Unidas e mais um desacordo com os termos do plano.
Com efeito, o presidente francês, Jacques Chirac, e o premiê alemão, Gerhard Schröder, disseram que a proposta de resolução apresentada por Washington não avança o suficiente na questão da transferência de responsabilidades para os iraquianos nem na definição do papel das Nações Unidas no país.
A queixa franco-germânica parece fazer sentido. Ao menos nessa primeira proposta, os EUA tentam obter mandato internacional, tropas e dinheiro para seguir com a ocupação sem, porém, dividir o poder decisório. Numa tradução mais crua, a Casa Branca quer soldados que se arrisquem a morrer no lugar dos seus sem abrir mão de continuar no comando. De todo modo, Chirac e Schröder deram a entender que a proposta americana serve de ponto de partida para as negociações.
A crer em reportagens publicadas pela imprensa dos EUA, Bush, após sofrer pressão dos militares norte-americanos no Iraque, acabou aceitando pedir ajuda à ONU, posição que vinha até aqui rejeitando. O grupo de assessores menos unilateralista, liderado pelo secretário de Estado Colin Powell, estaria levando vantagem sobre o setor dos "falcões", capitaneado pelo secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, figura central da aventura no Iraque.
Existe, de fato, uma chance de o maior envolvimento das Nações Unidas acelerar a formação de um governo representativo iraquiano. Nessa hipótese, as forças estrangeiras poderiam deixar o país, aliviando a tensão interna. É preciso recordar, no entanto, que foram os EUA, ignorando a organização, que desencadearam a crise. A situação deteriorou-se tanto que se corre o risco de uma intervenção da ONU apenas internacionalizar a desmoralização.


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