São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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CENÁRIO DE EXPANSÃO

O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalterada a taxa de juros básica da região do euro em 2% ao ano na reunião de 2 de setembro. A primeira estimativa para a inflação anual para a área sinaliza uma taxa em torno de 2,3% em agosto, de acordo com a agência Eurostat. A despeito do preço do petróleo, não se verificam pressões inflacionárias na região. O BCE projeta um índice de preços ao consumidor em torno de 2,1% e 2,3% para 2004 e entre 1,3% e 2,3% para 2005. O BCE prevê ainda uma expansão real do PIB da área de 1,6% a 2,2% este ano e de 1,8% a 2,8% no próximo. Apesar do otimismo com a recuperação econômica, em julho, o desemprego permaneceu em 9% na área do euro e em 10,6% na Alemanha.
A União Européia se prepara para rediscutir o Pacto de Estabilidade e Crescimento devido à complexidade de submeter 25 nações a regras homogêneas em três indicadores: o déficit público de até 3% do Produto Interno Bruto (PIB), a dívida pública de até 60% do PIB e a meta de inflação de 2% ao ano. A idéia é viabilizar mecanismos mais sofisticados para monitorar o equilíbrio das finanças públicas ao longo do ciclo econômico. Defende-se a possibilidade de normas mais flexíveis, especialmente durante períodos de baixo crescimento. Parece sensato que as regras se concentrem na sustentabilidade das dívidas públicas. Em períodos longos de baixo crescimento poderiam ocorrer maiores déficits fiscais.
Do outro lado do Atlântico, embora em um ritmo mais lento do que em outras recuperações econômicas, o setor produtivo americano voltou a criar postos de trabalho. Foram 144 mil em agosto, segundo o Departamento de Trabalho. Com isso, acumula-se uma geração de 1,44 milhão de vagas durante 2004, sendo 81% no setor de serviços. A indústria de transformação gerou apenas 97 mil vagas desse total. Entre janeiro de 2001 e agosto de 2004, a indústria de transformação acumulou perda de 2,7 milhões de empregos, uma vez que ocorreram transferências de indústrias para a China e a Índia, bem como um acelerado processo de introdução de progresso técnico. Diante desses resultados, com a inflação americana sob controle, os investidores passaram a apostar em uma "parada técnica" no movimento de elevação das taxas de juros pelo banco central americano, o Fed.
Por sua vez, a taxa de crescimento real da economia japonesa desacelerou de 1,6% no primeiro trimestre para 0,4% no segundo, sob a liderança das exportações, mantendo o processo de deflação. A demanda doméstica, pública e privada, cresceu apenas 0,1%. Todavia as economias asiáticas mantiveram forte crescimento, sob o comando da China, com taxa de crescimento de 9,6% no segundo trimestre de 2004.
Nesse contexto, os principais riscos para a sustentabilidade da recuperação da atividade econômica mundial, com baixas taxas de juros nos EUA, Europa e Japão, permanecem sendo o volátil comportamento dos preços do petróleo e a instabilidade política do Oriente Médio. Fatores que precisam ser permanentemente monitorados.


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