São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

BNDESPar e BNDES: uma só missão

CAIO MELO E FABIO SOTELINO DA ROCHA


Não é correta a afirmação de que operações da BNDESPar usam recursos subsidiados, supostamente aplicados de modo indiscriminado


O período recente tem sido repleto de desafios para a economia brasileira. Ao mesmo tempo em que o país ainda assiste aos desdobramentos da maior crise econômica internacional desde a década de 1930, vive um momento de grandes oportunidades.
O país tem contado, tanto no enfrentamento dessa crise quanto no aproveitamento dessas oportunidades, com um instrumento de apoio às empresas e ao mercado de capitais. Apesar de sua importância, o papel da BNDESPar, braço de participações do BNDES, tem sido frequentemente mal compreendido, e o momento é oportuno para expor de maneira clara sua atuação.
A BNDESPar promove o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro, pois incentiva e apoia a abertura de capital e a contínua melhoria dos padrões de governança, transparência e gestão das empresas em que participa.
Dá ao sistema BNDES mais flexibilidade para apoiar nossas empresas, já que, em muitas ocasiões, o meio mais adequado para dar suporte a essas companhias é a participação acionária, combinada ou não com créditos de renda fixa do BNDES.
A carteira da BNDESPar inclui participação direta em mais de cem empresas de todos os portes, além de 38 fundos de investimento (que, por sua vez, detêm participações em 127 companhias). Seus ativos totais ao final de junho deste ano eram de R$ 116 bilhões.
Uma diferença importante entre os investimentos da BNDESPar e os empréstimos do BNDES é que os primeiros aplicam exclusivamente recursos a custo de mercado, tendo como fontes o retorno de sua carteira de valores mobiliários e captações no mercado de capitais nacional.
Assim, não usam recursos captados por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) ou do Tesouro. Não é correta, portanto, a afirmação de que as operações da BNDESPar utilizam recursos subsidiados, supostamente aplicados de modo indiscriminado e com ônus ao contribuinte.
O que tem ocorrido, na realidade, não é ônus, mas benefício ao conjunto da sociedade. De acordo com seu último balanço, no primeiro semestre, a BNDESPar teve lucro de R$ 3 bilhões, ajudando o BNDES a obter o melhor resultado da história para um período de seis meses: R$ 5,3 bilhões.
Na média dos últimos cinco anos, a carteira de valores mobiliários, principal ativo da BNDESPar, representou entre 20 e 25% dos ativos totais do BNDES, tendo gerado em média 50% de seu lucro consolidado. No primeiro semestre de 2011, a carteira representou 21,1% do total dos ativos e gerou 56,6% do lucro do BNDES.
Os resultados positivos são revertidos para a sociedade. Como o retorno esperado da carteira da BNDESPar integra a equação que define o "spread" básico do BNDES, esse desempenho permite reduzir o custo aos tomadores de crédito no BNDES.
O "spread" básico médio nas operações do BNDES reduziu-se de 2% ao ano em 2005 para 1,08% ao ano em junho de 2011.
O BNDES, com a contribuição da BNDESPar, tem apresentado retornos sobre o patrimônio líquido acima de 20%, em linha com a indústria bancária, mesmo sendo um banco com foco exclusivo no desenvolvimento do Brasil.
A sociedade brasileira é a maior beneficiária, seja pela realização dos investimentos apoiados pelo BNDES, seja pelos dividendos repassados ao Tesouro, que somam R$ 34 bilhões no intervalo entre 2005 e 2010.

CAIO MELO é economista e superintendente da Área de Mercado de Capitais do BNDES.
FABIO SOTELINO DA ROCHA é engenheiro e superintendente da Área de Capital Empreendedor do BNDES.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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