São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Os jovens e o futuro

No Brasil, estamos convocados para as eleições. As campanhas políticas foram serenas e apresentaram propostas que abrem perspectivas da superação progressiva da exclusão social que aflige milhões de cidadãos.
O importante agora será caminhar no sentido da integração de forças, tendo em vista o bem comum. É preciso, por isso, ultrapassar partidarismos e ressentimentos e ter a coragem de olhar para o futuro com esperança. Temos de esquecer pequenas ambições e rivalidades para assegurar a promoção conjunta da concórdia e do acesso de todos a condições dignas de vida.
Será necessário para isso abrir espaços para os jovens aos quais deixamos até hoje uma herança de desigualdades sociais e violência, levando-os ao desânimo, à atração da droga e ao engodo de uma sociedade ilusória, consumista e sem sentido. Muitos jovens perderam a alegria de viver e chegaram ao desatino de eliminar a própria vida. Um ano após o atentado ao World Trade Center, o mundo tornou-se mais frágil, entre o terrorismo e a repressão, diminuindo nos jovens as perspectivas de futuro. É preciso reconstruir a esperança.
Hoje, 5 de outubro, realiza-se em Turim, na Itália, um evento de grande alcance para a juventude. Trata-se do 1º Encontro Mundial dos "Jovens pela Paz" com a finalidade de convocar a juventude para construir a sociedade fundada na paz que nasce da justiça.
A iniciativa surgiu do "Arsenal da Paz", com sede em Turim, e quer ser da parte do "Serviço Missionário Jovem" (Sermig), um apelo para que a nova geração mantenha viva a esperança diante dos desafios do momento presente e, confiante na sabedoria e na misericórdia divina, promover a solidariedade entre todas as pessoas. O belo cartaz contém a silhueta de um jovem e abre para um horizonte de céu aberto com os dizeres: "Jovem, o futuro é você". Essa promissora iniciativa reúne durante três dias (4/10 a 6/ 10) milhares de moças e rapazes de todos os países, com a representação de jovens brasileiros.
Na véspera das nossas eleições, é chegado o momento de confiar na força transformadora moral, religiosa e cultural de nossa juventude, garantindo oportunidade de formação, acesso ao trabalho e condições efetivas de participação na vida nacional. Procuremos nos inspirar na carta convocatória de Turim, escrita pelos próprios jovens. Solicitam que a política, a economia, a informação, a ciência e a tecnologia estejam a serviço da pessoa e da justiça. Requer-se para isso que a lógica do lucro e da economia do mercado não seja em detrimento prioritário das relações entre pessoas e nações. Insistem sobre a necessidade de diálogo aberto e constante entre culturas e religiões construindo caminhos de partilha, de perdão e de mútua compreensão.
Renovam os jovens seu compromisso de corrigir erros e promover a vida sem guerra, violência, vingança e injustiças na busca incansável da verdade, da liberdade e do respeito à dignidade de cada homem e de cada mulher, assegurando a todos o uso equitativo dos bens da terra.
O 1º Encontro Mundial de "Jovens pela Paz" há de motivar também milhões de brasileiros. A nossa juventude precisa ultrapassar todo medo e angústia e enfrentar o futuro com esperança. O espírito patriótico há de nos levar a votar com consciência e a unir forças, dando aos jovens exemplo de superação de todo individualismo e ressentimentos para promover a justiça social e a fraternidade. Pedimos a Deus que proteja nossos jovens e que eles sejam bênção para o Brasil.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.



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