São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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KENNETH MAXWELL

Salário e consequências

NESTA SEMANA , a revista "Chronicle of Higher Education" publicou sua lista anual com os salários pagos aos reitores das universidades privadas dos EUA. A lista não inclui instituições de ensino superior do setor público, como o sistema da Universidade da Califórnia ou o da Universidade de Illinois, por exemplo, que são universidades bancadas pelos Estados.
Mas esses números oferecem um perfil sobre uma porção fundamental do setor de ensino superior norte-americano e representam a remuneração recebida pelos dirigentes universitários no ano fiscal passado, encerrado em 30/6/2008. Os números se baseiam em declarações submetidas ao Internal Revenue Service e incluem os custos de benefícios.
O salário médio para os reitores das 419 faculdades e universidades privadas pesquisadas era de US$ 358.746, o que representa 6,5% de aumento ante o ano anterior. Os presidentes das maiores universidades privadas, no entanto, receberam consideravelmente mais. Nessas universidades, que têm programas de pós-graduação e treinamento profissional, a remuneração média anual era de US$ 625.750, com alta muito superior à taxa de inflação, por exemplo.
A campeã dos salários foi Shirley Ann Jackson, reitora desde 1999 do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, Nova York, e antiga presidente da Comissão Regulatória Nuclear, com salário de US$ 1,6 milhão. Lee Bollinger, da Universidade Colúmbia, recebeu US$ 1,38 milhão. John Sexton, da Universidade de Nova York, US$ 1,3 milhão. A lista demonstra que 23 reitores ganham mais de US$ 1 milhão ao ano e 110 faturam mais de US$ 500 mil.
Essas escalas de pagamento são novidade nos EUA. Até 2002, não havia reitores com salários milionários. A ironia, claro, é que esses grandes aumentos aconteceram exatamente quando a economia do país estava a ponto de entrar em colapso, e todas essas grandes instituições sofreram grandes prejuízos em suas dotações de investimento.
Muitas faculdades também antecipam queda do faturamento com mensalidades.
Os custos da educação superior para os estudantes, enquanto isso, estão perto de US$ 50 mil ao ano, consideradas mensalidades, taxas e despesas de alojamento. No ano passado, apenas cinco instituições cobravam anuidades dessa ordem.
Neste ano, pelo menos 58 têm anuidades superiores a US$ 50 mil -por exemplo, US$ 55.788 na Sarah Lawrence e US$ 51.993 na Universidade de Nova York.
Não surpreende que esses altos salários, bem como os aumentos nas anuidades, estejam atraindo escrutínio e críticas. É justo que o façam.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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