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Sutileza expressa
"Falo como perito judicial que
cumpre o seu múnus há 33 anos.
É sabido que os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público e o perito do juízo se sujeitam
às mesmas regras para serem considerados suspeitos nos termos da lei.
Uma vez declarados suspeitos, eles
ficam impedidos de atuar nesse ou
naquele processo.
Ao doar R$ 50 mil para a posse de
Sua Excelência o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli, a Caixa Econômica
Federal nada mais fez do que torná-lo suspeito para julgar processos
em que ela seja parte.
Existe aí uma sutileza expressa, e
quem entende do assunto sabe do
que estou falando.
Nenhuma autoridade julgadora
deveria ser julgada suspeita por
obra ou requerimento de alguém. A
própria autoridade deve se declarar
suspeita antes que alguém o faça.
Para um ministro do Supremo
Tribunal Federal deve ser horrível
conviver com esse item de foro íntimo. Sua Excelência vai se declarar
suspeito?"
JOÃO EURÍPEDES SABINO , presidente do Fórum
Permanente dos Articulistas de Uberaba e
Região (Uberaba, MG)
Educação
"No editorial "Gasto com qualidade" (Opinião, 3/11), a Folha indica
que as diferenças entre os gastos
educacionais do Brasil e de alguns
países não é tão grande assim.
Vejamos alguns dados da OCDE
(Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico) de
2006: o gasto médio por aluno na
OCDE é quatro vezes o do Brasil; o
dos EUA, seis vezes. Isso significa
que o investimento feito em um
ano em um aluno dos EUA corresponde a seis anos de um aluno
brasileiro.
O gasto cumulativo em US$ PPP
(que padroniza o poder de compra
das diferentes moedas) para formar um aluno no primário e secundário é de US$ 96 mil para a média
dos países da OCDE. No Brasil, é de
US$ 16,7 mil; no Chile, US$ 25 mil;
no México, US$ 26 mil.
Em resumo, não basta o fim da
DRU (desvinculação de receitas da
União) para a educação (uma conquista!) para mudar esse quadro."
JOSÉ MARCELINO DE REZENDE PINTO
(Ribeirão Preto, SP)
Belo Monte
"Chega a ser vergonhoso para os
paraenses ver uma análise tão bem
feita dos problemas de Belo Monte
publicada em um jornal de outro
Estado enquanto a grande imprensa paraense parece não se preocupar com o tema em absoluto ("Belo
Monte de problemas", "Tendências/Debates", 2/11).
Artigos sobre o assunto publicados em jornais diários daqui limitam-se a opiniões parciais de engenheiros, técnicos e empresários que
levam em consideração apenas a
ideia da "necessidade" de construir a
usina, em detrimento da voz das comunidades da área, que poderão ser
irreversivelmente afetadas pelo
desvio no rio, e dos ambientalistas.
Não é sem razão que o bispo do
Xingu vem lutando por mais audiências públicas sobre o tema: Belo Monte até agora não passa de um
projeto obscuro, sobre o qual a
maioria dos paraenses não tem um
mínimo de informação e os interessados deixam de lado o diálogo e
correm por caminhos pouco esclarecidos para realizar o seu intento."
ARTHUR RIBEIRO (Belém, PA)
Aposentados
"Ao ler o editorial "Arapuca parlamentar" (Opinião, ontem), pensei
em algo que o presidente Lula poderia fazer para resolver o problema da Previdência: reunir os aposentados e fuzilá-los.
Não haveria mais reclamação por
equiparação nos aumentos, salvaria a Previdência e, finalmente, sobraria mais dinheiro para distribuir
para as centrais sindicais, para o
MST e para outros pelegos que possam aparecer."
ALDIR COUTO (Fortaleza, CE)
Mensalões
"Por que o mensalão ocorrido em
Minas Gerais é tratado pela Folha
de maneira diferente do mensalão
nacional?
Em nível nacional, o mensalão é
chamado de petista, como se antes
de o PT chegar ao governo não existissem tais práticas. Em Minas Gerais, é chamado de mensalão mineiro. Bem que poderia ser chamado
de mensalão tucano."
PAULO JOSÉ DE SOUZA , pós-graduando em políticas públicas e gestão social na Universidade Federal de Juiz de Fora (São João del-Rei, MG)
PIB
"O PIB de 2007 divulgado pelo
IBGE -R$ 2,7 trilhões- é um dos
maiores do mundo. O país tem um
vigor econômico equivalente a um
país de Primeiro Mundo, mas uma
vergonhosa situação na saúde e na
educação. Nessas áreas, se parece
mais com um país africano.
Até quando o povo desta terra vai
aceitar ser tratado de modo indigno
nas filas do SUS e na qualidade de
educação que recebe das escolas,
apesar da imensa contribuição que
saiu do seu lombo para esse espantoso PIB?"
HERCULANO KELLES (Belo Horizonte, MG)
Clima
"Marcelo Leite cravou a perda de
oportunidade de Lula em relação às
propostas para Copenhague ("Lula
arrisca perder o bonde de Copenhague", Ciência, ontem).
Um líder não se coloca a reboque,
instaura uma nova correlação de
força. Transformar o clima em
moeda de troca expressa o medo
filisteu.
O antagonismo "população amazônica x política ambiental" apontado por Lula seria radicalmente
transformado se ele tivesse a educação ambiental em alta conta.
Aliás, parece que ele não tem em
alta conta nem uma nem outra
coisa."
ANTÔNIO CARLOS MONTEIRO DE CASTRO , professor
de política da Uems (Campo Grande, MS)
Agricultura e ambiente
"Leio a Folha diariamente, principalmente os assuntos inerentes à
agricultura, minha área de atuação.
Sou agricultor com muito orgulho,
herança de meu pai, ofício que
procuro cumprir com amor e com
honradez.
Causou-me estranheza uma informação do quadro "Os interesses",
que acompanhou a reportagem
"Lula discute agenda ambiental polêmica" (Brasil, 3/11), sobre o novo
Código Florestal.
Sobre os interesses dos ambientalistas, tudo foi descrito sem observações. Simplesmente se descreveu o que pretende esse grupo
com o novo código. Já sobre os interesses dos ruralistas, há um tópico assinalado com aspas. Diz o texto: "Anistia para quem tenha desmatado "legalmente" no passado".
O que a Folha quer transmitir ao
leitor com esse "legalmente" entre
aspas? Que no passado tudo foi feito na ilegalidade? O jornal não sabe
que há 35/40 anos o governo dava
até incentivo para quem desmatasse a sua terra para produzir?"
GERALDO AUGUSTO LEÇA TEIXEIRA
(São Joaquim da Barra, SP)
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