São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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MUDANÇA CLIMÁTICA

Enquanto uma conferência da ONU no Canadá tenta definir as diretrizes de um acordo internacional para suceder o Protocolo de Kyoto, que caduca em 2012, vão surgindo novos dados que evidenciam a urgência da tarefa de tentar conter o efeito estufa, o aquecimento anormal da atmosfera do planeta.
Estudo de oceanógrafos britânicos publicado na revista "Nature" aponta perda de força de correntes do Atlântico que carregam água quente dos trópicos para o norte da Europa. A circulação das águas já está 30% mais fraca do que em 1957 e, segundo os pesquisadores, trata-se de uma tendência e não de uma variação.
Se esse movimento se acentuar, a corrente do Golfo, que lança bilhões de litros das águas tépidas do golfo do México para o Atlântico norte, poderia ser "desligada", o que reduziria em 4 C a temperatura média no noroeste da Europa. Pode parecer pouco, mas isso deixaria cidades como Londres sob temperaturas glaciais.
Outro indício de que o efeito estufa já causa danos veio da agência ambiental da União Européia. Ela divulgou um estudo demonstrando que, enquanto a Terra esquentou em média 0,7 C ao longo do século 20, em 32 nações européias esse aumento foi de 0,95 C. Só em 2003, 10% das geleiras dos Alpes derreteram.
Também os americanos, tidos como vilões do aquecimento global devido à recusa do presidente George W. Bush de ratificar Kyoto, provavelmente sentiram -e sentirão ainda mais nos próximos anos- as conseqüências do efeito estufa. Vários cientistas atribuem a esse fenômeno a temporada especialmente intensa de furacões no Atlântico tropical, que produziu catástrofes como a destruição de Nova Orleans.
Isoladamente esses estudos talvez não "provem" que esteja em curso uma importante e potencialmente perigosa mudança climática, mas, quando analisados em conjunto e aliados a vários outros indícios, sugerem que é preciso reduzir drasticamente as emissões de gases-estufa.

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