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QUEDA DE CONFIANÇA
Passados seis meses do início da
crise asiática, as incertezas que ainda
persistem e as medidas tomadas pelo
governo brasileiro para conter a fuga
de capitais deixaram um ônus que o
país terá de carregar em 98. É o que
se pode concluir do cenário com que
trabalham alguns dos mais importantes empresários brasileiros.
As opiniões coligidas pelo Datafolha entre 8 e 24 de dezembro passado
apontam para mais desemprego (segundo 87% dos entrevistados) e recessão no primeiro semestre (segundo 33%). A maioria espera um crescimento econômico de apenas 2% neste ano. O único aspecto positivo é a
expectativa majoritária de que a inflação ficará entre 4% e 6% em 1998.
Essas previsões coincidem com o
humor geral da população, com a
impressão de que virão tempos mais
difíceis. Pesquisa do Datafolha publicada anteontem constatou que
70% dos brasileiros acreditam no aumento do desemprego.
Pela primeira vez em três anos, os
que esperam uma perda no poder de
compra foram mais numerosos que
os que acreditam na manutenção do
valor real dos salários. E a previsão
de que a inflação aumentará também
foi ligeiramente predominante. Apenas três meses antes, a expectativa
majoritária era de estabilidade na taxa de inflação e no poder de compra.
A confiança do público no Plano Real
caiu de 64% para 54%.
São expectativas realistas. Está claro que o Brasil passa por uma fase de
desaceleração econômica. E poucos
ousariam garantir que as turbulências internacionais terminaram.
No fundo, o país começa a sentir
-e pressentir- que as medidas
adotadas para salvaguardar o valor
do real em meio à sucessão de desvalorizações cambiais em outros países
terão um alto custo social e econômico. O Brasil está tentando sair da turbulência internacional através do sacrifício de sua taxa de crescimento
econômico, com mais desemprego e
impostos mais elevados, além de juros elevadíssimos. Resta esperar que
o ajuste seja breve.
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