São Paulo, terça, 6 de janeiro de 1998.



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O mar não está para o PT

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Se o mar eleitoral está revolto para os candidatos tucanos, também não está lá essas coisas para os petistas.
A candidatura Lula à Presidência da República não encanta a esquerda nem mobiliza o próprio PT. Começa por aí, mas não é tudo.
Em Minas, o partido parece estar disseminando de forma excessivamente lenta para o resto do Estado a popularidade que consolidou na capital. Patrus Ananias, o ex-prefeito, está em quarto lugar nas pesquisas.
No Rio, a única chance parece ser o apoio ao pedetista Anthony Garotinho. Apesar da pressão dos chamados "radicais", está difícil lançar um candidato próprio para concorrer, quanto mais para ganhar.
Olívio Dutra e Tarso Genro não são líderes importantes apenas no Rio Grande do Sul, mas do próprio PT nacional. Dutra é sempre cotado para presidir o partido, e Genro até para disputar a eleição presidencial.
Cada um deles, porém, ficou apenas um pequeno passo à frente do governador Antônio Britto na última pesquisa Datafolha sobre candidaturas. É praticamente um empate técnico.
Como se deu ao luxo de perder Vitor Buaiz (ES), o PT já entrou 98 com 50% a menos de governadores. Eram dois, só resta Cristovam Buarque (DF), que no Datafolha publicado ontem sobre os governadores conseguiu pelo menos pular do 11º lugar para o 8º no ranking nacional.
Além do RS e do DF, até agora o PT só tem chance de fazer bonito no Acre, com Jorge Viana, no Mato Grosso do Sul, com Zeca do PT, e em São Paulo, se for Marta Suplicy.
O presidente do PT, Zé Dirceu, não se desespera. "Ainda é muito cedo e muita água vai rolar. Nossos adversários têm máquina, mas têm também o ônus de ser governo. Têm o flanco do desemprego, do fiasco social e da própria reeleição."
De toda forma, o balanço até agora é muito fraco para o maior partido de oposição. Resultado da força do governo federal, da máquina e da mídia tendenciosa dos Estados? É verdade, mas também faltam discurso, unidade e firmeza. O eleitorado não confia na capacidade petista de governar.



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