São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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SERGIO COSTA

O efeito chuvisco

RIO DE JANEIRO - Com a bagagem respeitável de 15.175.729 votos na última corrida para presidente, Anthony Garotinho desembarcou em Campos em 2004 disposto a fazer diferença na eleição municipal.
Não sabia que inaugurava ali uma espécie de inferno astral na cidade onde nasceu, despontou para a política e governou por duas vezes. Garotinho jogou seu prestígio e a máquina do governo da mulher naquela disputa.
O casal sentou praça em Campos, vestiu a camisa do candidato conhecido como Pudim e foi para o corpo a corpo. Acabou tendo que explicar na polícia uma denúncia de compra de votos.
À denúncia, somou-se uma investigação sobre distribuição maciça por lá do cheque-cidadão -um programa social do Estado.
Como os adversários que dominavam a prefeitura também botaram a máquina na disputa, a eleição, vencida pelo PDT, acabou anulada. Uma derrota indigesta para Garotinho, porque ampliada nacionalmente por sua participação.
No Carnaval, a maldição do chuvisco -doce que é símbolo da cidade- não deu trégua ao ex-prefeito. Enredo de seis das 11 escolas de samba locais, viu o samba atravessar. Nenhuma delas venceu a disputa. Um mico.
Domingo a cidade terá a reedição do pleito de 2004. Garotinho não quer ser derrotado em casa outra vez, mas vive um dilema: se for para a linha de frente, tem muito mais a perder, principalmente no PMDB -onde disputa vaga de presidenciável-, do que em 2004 ou com o mico de Carnaval.
Nesse quesito, aliás, melhor fez Hugo Chávez: apostou longe de casa, tirou onda de campeão do Carnaval e ainda vai levar o bonecão-alegoria do Bolívar para desfilar em Caracas.


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