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SERGIO COSTA
O efeito chuvisco
RIO DE JANEIRO - Com a bagagem respeitável de 15.175.729 votos na última corrida para presidente, Anthony Garotinho desembarcou em
Campos em 2004 disposto a fazer diferença na eleição municipal.
Não sabia que inaugurava ali uma
espécie de inferno astral na cidade
onde nasceu, despontou para a política e governou por duas vezes. Garotinho jogou seu prestígio e a máquina
do governo da mulher naquela disputa.
O casal sentou praça em Campos,
vestiu a camisa do candidato conhecido como Pudim e foi para o corpo a
corpo. Acabou tendo que explicar na
polícia uma denúncia de compra de
votos.
À denúncia, somou-se uma investigação sobre distribuição maciça por
lá do cheque-cidadão -um programa social do Estado.
Como os adversários que dominavam a prefeitura também botaram a
máquina na disputa, a eleição, vencida pelo PDT, acabou anulada. Uma
derrota indigesta para Garotinho,
porque ampliada nacionalmente por
sua participação.
No Carnaval, a maldição do chuvisco -doce que é símbolo da cidade- não deu trégua ao ex-prefeito.
Enredo de seis das 11 escolas de samba locais, viu o samba atravessar. Nenhuma delas venceu a disputa. Um
mico.
Domingo a cidade terá a reedição
do pleito de 2004. Garotinho não
quer ser derrotado em casa outra vez,
mas vive um dilema: se for para a linha de frente, tem muito mais a perder, principalmente no PMDB -onde disputa vaga de presidenciável-,
do que em 2004 ou com o mico de
Carnaval.
Nesse quesito, aliás, melhor fez Hugo Chávez: apostou longe de casa, tirou onda de campeão do Carnaval e
ainda vai levar o bonecão-alegoria
do Bolívar para desfilar em Caracas.
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