São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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PAINEL DO LEITOR

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Ditadura
"Estranha a ideia de que uma discussão conceitual poderia propiciar uma revisão da nossa história mais recente. Eis que aqui, abaixo do Equador, uma ditadura tem tantas especificidades que até parece razoável perguntar por que os intelectuais se omitiram quando colegas foram aposentados compulsoriamente. Infelizmente, quem está escrevendo uma ópera-bufa é o meu amigo Marco Antonio Villa ("Ditadura à brasileira", ontem). Historiador de mão cheia, que conheço em primeira mão por ter sido sua orientadora, sei que ele bem sabe que os intelectuais não estavam omissos. Alguns estavam produzindo os atos institucionais que permitiram as aposentadorias. Muitos outros apoiavam ou incentivavam a ditadura e as aposentadorias. Outros tantos reagiram. Sergio Buarque de Hollanda, por exemplo, queria realizar uma passeata de protesto até a reitoria. O grupo de professores que trabalhava com meu pai, Florestan Fernandes, quis apresentar uma renúncia coletiva. Nem passeata nem renúncia foram aceitas por Florestan. Macaco velho que ele era, aprendeu com as lições da Universidade de Brasília e se opôs veementemente a qualquer reação que, naquele momento, ajudaria a ditadura a destruir um trabalho coletivo construído em anos de dedicação à universidade. Foi assim que esses intelectuais compulsoriamente aposentados contribuíram para manter o padrão de qualidade da universidade onde Villa fez sua graduação e pós-graduação."
HELOÍSA FERNANDES , socióloga, professora aposentada do Departamento de Sociologia da USP (São Paulo, SP)

"A Folha decepciona cada vez mais seus leitores quando parece disposta de todo jeito a provar que a ditadura brasileira foi mesmo branda perto de outras. Pelo menos é o que se entende lendo o artigo de Marco Antônio Villa. Só espero que o jornal não lamente depois quando algum governo brando começar a censurar o seu trabalho e a perseguir os seus jornalistas. Nem parece mais aquele jornal que teve problemas na era Collor."
SERGIO P. RIBEIRO (São Paulo, SP)

"Não é que a Folha arranjou alguém com respeitável carreira acadêmica para chancelar a sua tese de que o regime militar brasileiro foi uma "ditabranda"? Como o professor Villa ainda envergava cueiros em 1968, penso que ele precise melhorar suas fontes de pesquisa sobre o regime militar, que matou, baniu e deu sumiço em muita gente."
JOÃO RAMOS DE SOUZA (São Paulo, SP)

"A Folha deveria dar uma coluna semanal, fixa, para o historiador Marco Antonio Villa. Sua análise do período militar consegue mais uma vez se destacar: não perde tempo defendendo torturadores e golpistas, ao mesmo tempo que foge do discurso fácil de vitimização da esquerda militante na época. Seu texto de ontem toca ainda em outro ponto fundamental: ao contrário do que se costuma propagar, a democracia era inimiga de boa parte das correntes políticas em 1964, inclusive daqueles que vivem hoje de indenizações por sua luta em favor da "liberdade" -mas que são incapazes de admitir as atrocidades cometidas pela ditadura comunista dos irmãos Castro em Cuba."
DANIEL MORENO (São Paulo, SP)

Estupro e excomunhão
"Tem hora que a nossa cidadania, já acostumada a ser amarrotada, ainda assim se assusta. Agora surge uma espécie de arauto da Idade Medieval, uma espécie de inquisidor moderno, que, armado de sua autoridade e representatividade, resolve não só julgar segundo seu engajamento religioso mas também sentenciar -na falta de uma bela fogueira- a excomunhão para a equipe de médicos que, seguindo preceitos legais e éticos, cumpriu o seu dever ("Ministros criticam excomunhão de envolvidos em aborto de menina violentada em PE", Folha Online, ontem). Eis que surge o "sensível e humanista" religioso para estigmatizar a garota de nove anos, estuprada pelo padrasto e grávida de gêmeos, como pecadora. Gostaria de saber se o "justiceiro da moral e dos bons costumes", o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, também excomungou o estuprador?"
GILBERTO BRANDÃO MARCON (São João da Boa Vista, SP)

Senado
"Muito boa a carta "Senado" ("Painel do Leitor", ontem), sobre a reação do PT à eleição de Collor para presidir a Comissão de Infraestrutura. À expressão "ridícula" deve-se acrescentar "imoral e vergonhosa". Renan Calheiros deveria ser cassado, e Fernando Collor deveria estar preso pelas mortes por suicídio que provocou ao tomar o dinheiro dos que tinham conta em banco."
SYLVÉRIO DEL GROSSI (Fernandópolis, SP)

Dengue
"Em relação à reportagem "Casos de dengue batem recorde no país" (Cotidiano, ontem), o Ministério da Saúde esclarece que, em janeiro de 2009, foram revisados os dados do Programa Nacional de Controle da Dengue desde 2001, com o objetivo de retirar desses bancos os casos já descartados pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde a partir de exames laboratoriais. Com a atualização do banco de dados de 2001 a 2009 e a retirada de casos já descartados, a série histórica inclui apenas os casos notificados como "dengue clássico", "dengue com complicações", "febre hemorrágica da dengue", "síndrome do choque da dengue" e casos com classificação final "ignorado" ou "em branco". Por esse novo critério, mais fiel à realidade, o número de casos em 2002 foi de 697.998; enquanto em 2008 foi de 585.769. O Ministério da Saúde desculpa-se pela indução ao erro na referida reportagem e presta este esclarecimento aos leitores."
RODRIGO HILÁRIO , coordenador do Núcleo de Atendimento à Imprensa do Ministério da Saúde (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia a seção "Erramos" e reportagem no caderno Cotidiano.

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