UOL




São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Guerra
"Não sou árabe, muçulmano, islâmico, fanático de nenhuma espécie, terrorista, homem-bomba, admirador de "Sattan" Hussein nem totalmente néscio. Mas também não sou judeu e, por isso, entendo que a vinheta da Folha -"Ataque do império'- é muito eufemística para traduzir as atrocidades bushianas. Gostaria de lembrar ao senhor Fausto Leistner ("Painel do Leitor", 4/4) que estamos "fartos de saber que, em guerras, civis, infelizmente, morrem mesmo". E que em holocaustos e genocídios também. Portanto, sugiro à Folha que mude sua vinheta para "Atrocidades do império", bem mais condizente com o que está acontecendo no Iraque. Isso sem falar que uma civilização de mais de 7.000 anos, o berço da humanidade, está sendo destruída só porque o caubói quer brincar de guerrinha."
Manuel Amaro (São Paulo, SP)


"A cobertura da guerra pela Folha tem se revelado correta e ponderada, mostrando as consequências deste grave conflito. Isso num momento em que muitas empresas jornalísticas e muitos jornalistas têm esquecido o seu compromisso de levar a verdade ao público em razão de posições nacionalistas -caso de diversos jornais norte-americanos e britânicos. Fiquei pasmo de ver como a "Newsweek" transformou-se numa agência "chapa-branca", divulgando prioritariamente as versões defendidas pelo Pentágono. Felizmente, a imprensa brasileira em geral, e a Folha em particular, não caiu em tão sério erro. A demissão de Peter Arnett pela NBC mostra como a imprensa também pode atentar contra a liberdade de expressão. Acredito que a invasão do Iraque possa servir como lição importante de como a imprensa deve lidar com os interesses de Estado em situações delicadas. E acredito que brevemente a imprensa brasileira terá de lidar com situação semelhante, quando o Estado tomar coragem para enfrentar a guerra civil promovida pelo crime organizado."
Drauzio Antonio Rezende Júnior (Taubaté, SP)

Cartilha
"O Vaticano acaba de lançar um dicionário em que classifica os homossexuais de "anormais", condena o uso de preservativo e, em síntese, apresenta o que os seus criadores chamam de "comportamento correto" sobre a prática sexual, divórcio e outros temas relativos à questão moral, confirmando a velha postura conservadora. Como cristãs e cristãos, repudiamos essas idéias. Na religião católica, pelos ensinamentos bíblicos, aprendemos a tolerância, o amor ao próximo e a não-discriminação. A sexualidade é uma dimensão humana positiva, e o setor conservador da Igreja Católica precisa rever os seus ensinamentos e conceitos, principalmente porque muitos de seus próprios membros e fiéis já mudaram os seus pensamentos e práticas em relação a esses temas."
Dulce Xavier, membro da associação Católicas pelo Direito de Decidir (São Paulo, SP)

Nota de falecimento
"Faleceu, aos três dias de abril de 2003, com apenas três meses, a lei federal 10.167/00, que controlava a propaganda do fumo em eventos culturais e esportivos. Foi vítima de um mal que assola a humanidade: o poderio econômico."
Mário Albanese, presidente e Luiz Carlos Mônaco, diretor jurídico da Adesf -Associação de Defesa da Saúde do Fumante (Mogi Mirim, SP)


"Lamentável a atitude dos nossos governantes das esferas federal, estadual e municipal ao não respeitarem a lei, permitindo que a propaganda de cigarros seja feita livremente no Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Isso é um insulto ao Congresso Nacional e a toda a sociedade brasileira. Abrir esse precedente à poderosa e multimilionária indústria automobilística desmoraliza definitivamente a seriedade legislativa do Estado. Onde estão os defensores da lei? Creio que muitos estarão hoje em cadeira cativa em Interlagos."
Elisio Peixoto de Souza (São Caetano do Sul, SP)

Desastre ambiental
"Em relação ao vazamento de produtos tóxicos no rio Pomba, em Minas Gerais, chegou-se a falar em interditar e até mesmo em fechar a fábrica. As "autoridades" que hoje falam dessa forma, talvez querendo os seus 15 segundos de fama, esquecem-se do problema social que isso poderá gerar, como desemprego e queda da arrecadação de impostos para a cidade. Conforme diz a Folha no editorial "Desastre no rio Pomba" (Opinião, 3/4), "é inconcebível que em oito anos a situação não tenha sido regularizada". É também inconcebível que, com o fechamento da fábrica, elas, as autoridades, queiram solucionar o problema. Como diz o ditado, bater em cachorro morto é fácil."
Eduardo Caetano de Souza (Cataguases, MG)

Previdência
"Diferentemente do que disse o ministro Ricardo Berzoini em seu artigo "Os fetiches do PLP 9" ("Tendências/Debates", pág. A3, 2/4), os sindicatos e os servidores públicos têm pleno conhecimento do que significa o PLP 9: fim da aposentadoria integral dos servidores públicos, fim da paridade entre ativos e aposentados e transferência de parte dos recursos hoje destinados à Previdência pública para os fundos privados. O que exigimos é que a reforma mantenha e amplie o caráter social da Previdência e que valorize o seu papel na distribuição da renda nacional e o princípio da solidariedade entre as gerações, sobre o qual está assentado o atual sistema previdenciário. Os erros cometidos pelo governo nessa discussão e a insistência em manter a tramitação do projeto é que são os verdadeiros entraves para que essa reforma chegue a um bom resultado. O principal erro é culpar os servidores públicos pelo déficit da Previdência. A estimativa atuarial feita pelo próprio governo demonstra que a necessidade de financiamento das aposentadorias dos servidores públicos está caindo em relação ao PIB -e muito mais em relação à receita corrente líquida da União."
Roberto Policarpo Fagundes, coordenador geral do Sindjus-DF (Brasília, DF)

BBB
"Ao fim de mais um "Big Brother", constata-se que é um comportamento típico do povo de nosso país prestar atenção na vida dos outros em vez de cuidar da própria. Dhomini, um misto de embuste e cinismo, é o vencedor -e haja mau gosto e ignorância que justifiquem tal escolha popular. Constata-se que a falta de um modelo de educação que privilegie a reflexão, a crítica e o debate tem produzido cidadãos incapazes de discernir entre aquilo que é certo e aquilo que é errado e pretende passar por certo. A vitória de Dhomini é a derrota da cidadania."
Luis Filipe Chateaubriand (Rio de Janeiro, RJ)



Texto Anterior: Jaime Pinsky: Os americanos e a cidadania

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.