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A SUCESSÃO PERUANA
Os peruanos vão às urnas no
domingo para escolher seu
próximo presidente. O candidato favorito é o ultranacionalista Ollanta
Humala, que está com 32% das intenções de voto. Em segundo lugar
vem a liberal-conservadora Lourdes
Flores, com 26%, e, em terceiro, o
populista ex-presidente Alan García,
com 23%.
Como nenhum dos postulantes deverá obter metade mais um dos votos
válidos, o mais provável é que o pleito seja definido num segundo escrutínio, a ser realizado em maio. Caso
Humala e Flores passem para o segundo turno -cenário mais verossímil-, as pesquisas dão 50% das intenções de voto para cada um.
A perspectiva da eleição de Humala
é preocupante. Embora se apresente
como um nacionalista de esquerda,
parece mais correto qualificá-lo como um ultranacionalista com fortes
traços autoritários. Promete proibir
companhias estrangeiras de atuar
em setores "estratégicos", rever incentivos fiscais a mineradoras -que
respondem pela maior parte dos
6,7% de crescimento registrados em
2005- e fala em industrializar a produção de folhas de coca.
Alguns analistas acusam-no de esconder suas verdadeiras idéias, algo
delirantes e, ademais, inclinadas ao
racismo. Afirmam que, a exemplo
do irmão e do pai -também envolvidos com política, mas em outro
partido-, pretende refundar o império inca, numa democracia exclusiva para índios e "mestizos".
Como militar, Humala esteve envolvido na violenta repressão aos
membros da não menos violenta
guerrilha maoísta Sendero Luminoso. Acusações de que teria participado de tortura lhe custaram pontos
nas pesquisas durante a campanha.
Se de fato vencer, Humala chegará
ao poder sem nenhuma estrutura
partidária a sustentá-lo, a exemplo
de seus antecessores imediatos, Alberto Fujimori e Alejandro Toledo. E
a combinação de idéias extremistas e
um ambiente político-institucional
rarefeito nunca acaba bem.
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