São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Nada se cria, tudo se transforma

BRASÍLIA - Leitores cobram manifestação sobre as "unhas encravadas" do certinho Alckmin. Respondo que este espaço é pequenininho, os escândalos em Brasília são muitos e enormes, e é preciso fazer fila. Mas lá vai.
Imelda Marcos tinha centenas de sapatos, Marisa Silva gostava de ganhar umas jóias, Lu Alckmin embolsou uns 400 vestidos de famoso estilista... como é mesmo o nome dele?
Dando PSDB nas eleições, são grandes as chances de a cadelinha da família continuar desfilando em carro oficial, de as vendedoras da Daslu mergulharem nas piscinas do poder e de os gramados do Alvorada amanhecerem com um soberbo tucano desenhado em flores azuis e amarelas. Do estilo São Bernardo ao neo-riquismo pindamonhangabense.
Quanto à Nossa Caixa: segue o lema franciscano do "é dando que se recebe", traduzido por Luiz Gushiken na Secretaria de Comunicação de Lula para um seco "aos amigos, tudo, inclusive a publicidade oficial".
Gushiken tinha um jeitão zen; Alckmin é mais chegado em acupunturistas. E o Opus Dei? Com uma pitada de marketing, Alckmin transformou um insosso "picolé de chuchu" em algo bastante digerível. Mas é bem melhor a imagem do barrigão de Lula correndo atrás da bola na Granja do Torto do que imaginar seu adversário ajoelhado em cacos de vidro e açoitando as próprias costas pelas madrugadas adentro.
No mais, Lula elegeu-se com uma bancada petista inexperiente, autodestrutiva e reforçada por Valdomiros, Valérios e Polettos e com a compra de PP, PTB, PL. A perspectiva de um segundo mandato não é melhor.
Já o esforço de Alckmin é para reunir PSDB, PFL e PMDB na campanha e para a eventualidade de governar. Uma chapa com o PMDB é improvável, mas um acordo tácito entre os três, desde o primeiro turno (como em 94, com FHC), é bem possível.
Assim, Lula está sendo soterrado por três CPIs, e Alckmin, ao contrário, soterrou 69 CPIs em São Paulo. A diferença é "estrutural".

@ - elianec@uol.com.br


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