São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2010

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Editoriais

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Empate na Bolívia

AO QUE tudo indica, a divisão político-geográfica da Bolívia não mudará significativamente após as eleições regionais realizadas anteontem. Pesquisas de boca de urna indicam vitória dos candidatos do presidente Evo Morales e de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), na região altiplana, onde se concentra a população de origem indígena e o principal reduto eleitoral governista.
A oposição, por sua vez, parece ter garantido o controle das principais cidades e departamentos em seu bastião, a chamada "meia-lua", que se espraia entre os Andes e a fronteira com o Brasil, nas terras baixas e relativamente mais ricas do leste do país.
O resultado é positivo para a consolidação da democracia boliviana. Ainda enlevado por sua reeleição em dezembro passado, quando também conquistou maioria qualificada no Senado, Morales apostou pesado no pleito regional. No pior estilo chavista, qualificou integrantes da oposição de "conspiradores" e previu, em comícios, a derrota de seus adversários na "meia-lua".
O resultado afasta uma hegemonia política que o tom da campanha já confirmava ser indesejável -e deve refrear o ânimo autoritário do presidente.
A oposição não parece disposta a apostar no confronto e no impasse, como já fez no passado. O governador de Santa Cruz afirmou que estendia a mão para Morales, salientando, porém, não se tratar de "mão rendida".
É de esperar que a necessidade de compartilhamento do poder, imposta por decisão dos eleitores, contribua para temperar os ânimos de ambos os lados.
A Bolívia tem vivido um período de normalidade democrática incomum em sua história. A boa maré econômica mundial associada às rendas crescentes da exploração do gás natural contribuíram, no primeiro mandato do líder aimará, para atingir essa relativa tranquilidade. Cabe à elite política, de ambos os lados, agir de modo a preservá-la.



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