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Empate na Bolívia
AO QUE tudo indica, a divisão político-geográfica da
Bolívia não mudará significativamente após as eleições
regionais realizadas anteontem.
Pesquisas de boca de urna indicam vitória dos candidatos do
presidente Evo Morales e de seu
partido, o MAS (Movimento ao
Socialismo), na região altiplana,
onde se concentra a população
de origem indígena e o principal
reduto eleitoral governista.
A oposição, por sua vez, parece
ter garantido o controle das principais cidades e departamentos
em seu bastião, a chamada
"meia-lua", que se espraia entre
os Andes e a fronteira com o Brasil, nas terras baixas e relativamente mais ricas do leste do país.
O resultado é positivo para a
consolidação da democracia boliviana. Ainda enlevado por sua
reeleição em dezembro passado,
quando também conquistou
maioria qualificada no Senado,
Morales apostou pesado no pleito regional. No pior estilo chavista, qualificou integrantes da oposição de "conspiradores" e previu, em comícios, a derrota de
seus adversários na "meia-lua".
O resultado afasta uma hegemonia política que o tom da campanha já confirmava ser indesejável -e deve refrear o ânimo autoritário do presidente.
A oposição não parece disposta
a apostar no confronto e no impasse, como já fez no passado. O
governador de Santa Cruz afirmou que estendia a mão para
Morales, salientando, porém,
não se tratar de "mão rendida".
É de esperar que a necessidade
de compartilhamento do poder,
imposta por decisão dos eleitores, contribua para temperar os
ânimos de ambos os lados.
A Bolívia tem vivido um período de normalidade democrática
incomum em sua história. A boa
maré econômica mundial associada às rendas crescentes da exploração do gás natural contribuíram, no primeiro mandato do
líder aimará, para atingir essa relativa tranquilidade. Cabe à elite
política, de ambos os lados, agir
de modo a preservá-la.
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