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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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INVESTIMENTO EM QUEDA

O núcleo da equipe econômica tem defendido a tese de que fatos como a aprovação da reforma tributária, da Previdência e da nova Lei de Falências consolidariam um ambiente mais propício ao investimento produtivo. Aperfeiçoamentos institucionais de fato favorecem a tomada de decisões na economia. A experiência histórica, porém, sugere que políticas setoriais são insuficientes num contexto macroeconômico restritivo. Um arranjo favorável entre a taxa de câmbio e a de juros torna-se essencial para garantir a expansão dos investimentos conjugada a um saldo comercial sustentável.
Segundo o IBGE, a taxa que mede o dispêndio com novos investimentos no país caiu em cada um dos quatro trimestres de 2002. Na média dos 12 meses, o índice registrou diminuição de 7% em relação a 2001. Não há sinais de reversão desse quadro. Pior: a valorização do câmbio, fruto da entrada de capital de curto prazo em busca de ganhos expressivos com os juros domésticos, pode frear investimentos que estavam substituindo importações e ampliando a quantidade de empresas exportadoras.
Por isso, vai ganhando força, entre diferentes agentes e formadores de opinião, a tese de que o Banco Central não deve ficar passivo diante das flutuações abruptas (para cima ou para baixo) da cotação do real. Não se trata de defender uma meta para o câmbio, mas de tentar conter a volatilidade exagerada de uma variável crucial para a decisão de investir. Menos instabilidade cambial, associada com uma paulatina queda nos juros, pode viabilizar a desejada expansão dos investimentos e dos saldos comerciais, com repercussões positivas para o nível de emprego.
O BC pode reduzir o estoque de títulos públicos indexados ao dólar, baixar a taxa Selic, diminuir a quantidade de moeda estrangeira de posse dos bancos, comprar dólares no mercado à vista para fortalecer suas reservas, introduzir um "pedágio" na entrada de capitais de curto prazo. Pode ainda implantar uma combinação desses mecanismos. Mas não deveria permanecer passivo.


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