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INVESTIMENTO EM QUEDA
O núcleo da equipe econômica tem defendido a tese de que
fatos como a aprovação da reforma
tributária, da Previdência e da nova
Lei de Falências consolidariam um
ambiente mais propício ao investimento produtivo. Aperfeiçoamentos
institucionais de fato favorecem a tomada de decisões na economia. A experiência histórica, porém, sugere
que políticas setoriais são insuficientes num contexto macroeconômico
restritivo. Um arranjo favorável entre
a taxa de câmbio e a de juros torna-se
essencial para garantir a expansão
dos investimentos conjugada a um
saldo comercial sustentável.
Segundo o IBGE, a taxa que mede o
dispêndio com novos investimentos
no país caiu em cada um dos quatro
trimestres de 2002. Na média dos 12
meses, o índice registrou diminuição
de 7% em relação a 2001. Não há sinais de reversão desse quadro. Pior: a
valorização do câmbio, fruto da entrada de capital de curto prazo em
busca de ganhos expressivos com os
juros domésticos, pode frear investimentos que estavam substituindo
importações e ampliando a quantidade de empresas exportadoras.
Por isso, vai ganhando força, entre
diferentes agentes e formadores de
opinião, a tese de que o Banco Central não deve ficar passivo diante das
flutuações abruptas (para cima ou
para baixo) da cotação do real. Não
se trata de defender uma meta para o
câmbio, mas de tentar conter a volatilidade exagerada de uma variável
crucial para a decisão de investir. Menos instabilidade cambial, associada
com uma paulatina queda nos juros,
pode viabilizar a desejada expansão
dos investimentos e dos saldos comerciais, com repercussões positivas para o nível de emprego.
O BC pode reduzir o estoque de títulos públicos indexados ao dólar,
baixar a taxa Selic, diminuir a quantidade de moeda estrangeira de posse
dos bancos, comprar dólares no
mercado à vista para fortalecer suas
reservas, introduzir um "pedágio"
na entrada de capitais de curto prazo.
Pode ainda implantar uma combinação desses mecanismos. Mas não
deveria permanecer passivo.
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