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CLÓVIS ROSSI
O arrastão financeiro
LONDRES - Ataque especulativo
tornou-se palavra branda demais
para descrever o que está acontecendo na Europa. Já é um "arrastão", desses que vira e mexe acontecem nas praias do Rio ou nos condomínios de São Paulo.
A gota de sangue que pingou da
Grécia (e ontem pingou literalmente, não figuradamente) despertou o
apetite incontrolável das piranhas
do mercado financeiro. Não há
mais -se é que houve em algum
momento- a menor "rationale"
para o que está ocorrendo.
É só ler o que um dos operadores
de mercado, Juan Luis García Alejo,
do Inversis Banco, disse ao jornal
espanhol "El País": "É impossível
impor a calma nos mercados neste
momento. Quando a Grécia não tinha um plano de ajuste, era castigada; quando o aprovou, era muito pequeno; e agora, que o endureceu, os
investidores dizem que não acreditam nele".
Não é pequeno o estrago, de que
dá prova frase de Angela Merkel, a
chanceler alemã, em geral pouco
dada a arroubos retóricos: "Estão
em jogo o futuro da Alemanha e o
futuro da Europa".
Surpreende o arrastão? A mim,
nadica de nada. A ganância desenfreada tornou-se o combustível que
move uma parte importante do setor financeiro.
O que surpreende é o silêncio de
governantes, acadêmicos e até dos
bancos não corsários, igualmente
vítimas. Anteontem, o Santander
sofreu um belo tombo por conta da
especulação contra tudo o que cheirasse Espanha, cujo sangue está
sendo pedido pelas piranhas.
O que você, Fábio Barbosa, presidente do Santander no Brasil e da
Federação de Bancos e eterno pregador da ética nos negócios, tem a
dizer?
Essa roleta infernal não gera "benefício social", como disse há dias
George Soros, que é campeão mundial de ganhar dinheiro com as falhas do mercado, mas sabe enxergá-las e não se cala.
crossi@uol.com.br
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