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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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AINDA ANALFABETOS

O analfabetismo no Brasil está sendo reduzido. Em 1980, 25,9% da população acima de 15 anos não sabia ler e escrever. Em 1991, esse número caiu para 19,7%; em 2000, baixou para 13,6% e, em 2001, para 12,4%. A melhora dos índices merece ser celebrada, mas o contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande: 16 milhões de brasileiros em pleno século 21 não sabem ler e escrever.
O dado pode ser considerado vergonhoso, mesmo quando comparado a outros países da América Latina. A taxa de analfabetismo da Argentina é de 3,2%, e a da Costa Rica, de 4,4%. O Brasil perde até mesmo para países bem mais pobres, como o Equador (8,4%) e o Peru (10,1%).
A situação piora quando se leva em conta o chamado analfabeto funcional, isto é, aquela pessoa que, apesar de conhecer as letras e saber escrever o próprio nome, é incapaz de redigir um bilhete simples ou compreender um texto. No Brasil, são considerados analfabetos funcionais todos os que tenham menos de quatro anos de estudo. Por esse critério, há mais 34 milhões de analfabetos funcionais. No total, são 50 milhões de brasileiros com seriíssimas deficiências de aprendizado. Como a população com mais de 15 anos já atinge 106 milhões, temos que quase a metade dos brasileiros adultos é analfabeta ou analfabeta funcional. Para efeitos práticos, a distinção entre os dois conceitos é quase que acadêmica.
Os prejuízos do analfabetismo para a cidadania são conhecidos. Pessoas que não sabem ler têm maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A própria mobilidade social fica comprometida. O impacto é tão devastador que o analfabetismo é a um só tempo sintoma e causa de pobreza. Filhos de pais analfabetos têm maiores chances de tornarem-se também eles analfabetos, num dos mais perversos mecanismos de reprodução da miséria.
Para que haja mais justiça no país, é preciso que o analfabetismo e a baixa escolaridade sejam eliminados.


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