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AINDA ANALFABETOS
O analfabetismo no Brasil
está sendo reduzido. Em 1980,
25,9% da população acima de 15
anos não sabia ler e escrever. Em
1991, esse número caiu para 19,7%;
em 2000, baixou para 13,6% e, em
2001, para 12,4%. A melhora dos índices merece ser celebrada, mas o
contingente de analfabetos ainda é
insuportavelmente grande: 16 milhões de brasileiros em pleno século
21 não sabem ler e escrever.
O dado pode ser considerado vergonhoso, mesmo quando comparado a outros países da América Latina.
A taxa de analfabetismo da Argentina é de 3,2%, e a da Costa Rica, de
4,4%. O Brasil perde até mesmo para
países bem mais pobres, como o
Equador (8,4%) e o Peru (10,1%).
A situação piora quando se leva em
conta o chamado analfabeto funcional, isto é, aquela pessoa que, apesar
de conhecer as letras e saber escrever
o próprio nome, é incapaz de redigir
um bilhete simples ou compreender
um texto. No Brasil, são considerados analfabetos funcionais todos os
que tenham menos de quatro anos
de estudo. Por esse critério, há mais
34 milhões de analfabetos funcionais. No total, são 50 milhões de brasileiros com seriíssimas deficiências
de aprendizado. Como a população
com mais de 15 anos já atinge 106 milhões, temos que quase a metade dos
brasileiros adultos é analfabeta ou
analfabeta funcional. Para efeitos
práticos, a distinção entre os dois
conceitos é quase que acadêmica.
Os prejuízos do analfabetismo para
a cidadania são conhecidos. Pessoas
que não sabem ler têm maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A própria mobilidade social fica
comprometida. O impacto é tão devastador que o analfabetismo é a um
só tempo sintoma e causa de pobreza. Filhos de pais analfabetos têm
maiores chances de tornarem-se
também eles analfabetos, num dos
mais perversos mecanismos de reprodução da miséria.
Para que haja mais justiça no país, é
preciso que o analfabetismo e a baixa
escolaridade sejam eliminados.
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