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CARLOS HEITOR CONY
Casos à parte
RIO DE JANEIRO - Entendendo cada vez menos de política, tampouco
compreendendo a vida pública, não
posso responder aos leitores que me
cobram um comentário sobre a crise
provocada por mais um escândalo
que motivou a criação de uma CPI.
Já disse em crônica da semana passada que não acredito nela, são tantos os atalhos e tão movediças as forças que lutam contra ou favor de
uma completa apuração dos fatos,
que o resultado nem será a tradicional pizza (que já seria alguma coisa),
mas nem isso, que é coisa nenhuma
mesmo.
Na atual crise, considero que há
dois outsiders em atividade, dois políticos por sinal do mesmo partido,
que passam e ultrapassam as convulsões que explodem de todos os lados,
não deixando pedra sobre pedra, tornando todos, governo e oposição, merecedores de suspeitas e até mesmo de
acusações.
O primeiro outsider é Lula. Goste-se
ou não dele, aprove-se ou condene-se
sua atuação na Presidência da República (eu pelo menos o considero culpado de tudo), o fato é que as crises
resvalam sobre sua pessoa, os escândalos passam ao largo. Até mesmo os
erros mais graves que comete ou deixa outros cometerem não o atingem
diretamente.
Collor e FHC, dois de seus antecessores, em graus diferentes, pegaram
as sobras das crises que motivaram.
Lula está no olho do furacão, mesmo
assim o turbilhão não chega a penetrá-lo.
O outro outsider é o senador
Eduardo Suplicy. É acusado de confuso, de ingênuo e até mesmo de desorientado na selva escura da política
nacional. Mas tem a coragem e a coerência de, acatando ou não as conveniências do momento e os interesses
provisórios do próprio partido, sempre se destaca seguindo a linha de
ação ditada por sua formação, por
sua coerência moral e democrática.
Prova disso foi a declaração de Zé
Dirceu, em resposta a uma pergunta
sobre a prometida punição aos petistas rebeldes. Dirceu admitiu: "Suplicy
é um caso à parte".
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