|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES
A "puta" ideia
WASHINGTON OLIVETTO
Só a grande ideia continua tendo o poder de seduzir, porque só ela é sexy; para ser uma Maria Sharapova das agências de publicidade, é preciso grandes criadores e ideias surpreendentes
Neste mundo globalizado e digitalizado, para uma agência de publicidade ser realmente fora de série, ela precisa ser uma espécie de
Maria Sharapova das agências:
grande e sexy.
Presente na maioria dos países,
associada a uma das maiores redes,
forte na América Latina, (no Brasil,
principalmente) confiável para gerir contas locais, regionais e globais, com capacidade de monitorar
as áreas de interesse dos clientes e
descobrir o que pode trazer verdadeiras vantagens competitivas.
Mais do que isso, tem que saber
detectar, testar e entender novas
soluções e serviços, ter capacidade
de criar encontros personalizados,
trazendo os seus mais brilhantes talentos mundiais para junto dos
clientes locais e buscar soluções
inovadoras.
Deve também ser capaz de contar com uma plataforma que acione
digitalmente os seus melhores cérebros, para gerar respostas rápidas a
desafios que necessitem de uma solução imediata.
A Maria Sharapova das agências
tem ainda que ter especialistas em
construção de marcas, planejamento de mídia, soluções digitais,
ativação, eventos, pontos de venda
e relações públicas.
Tem que ter uma ferramenta própria de ROI (Retorno sobre Investimento), que simule milhares de variáveis e saiba responder qual ponto de contato traz mais resultados
entre todas as alternativas existentes e qual combinação de pontos de
contato garante maior retorno.
Tem também que saber detectar
os hábitos e valores dos públicos-chave, saber como se comportam
os construtores de identidades
(adolescentes), os construtores de
carreira (jovens adultos), os construtores de família (jovens casais) e
os construtores de uma nova vida
(pessoas na maturidade).
Saber as escolhas e preferências
do consumidor de alta renda, descobrir para onde vai a classe C e antecipar quais são as novas tendências que estão prestes a virar comportamento de massa.
Esses são, basicamente, alguns
dos ingredientes para uma agência
ser fora de série, mas só eles somados ainda não são suficientes.
Sem grandes criadores, capazes
de gerar ideias surpreendentes, nenhuma agência chega a ser uma
Maria Sharapova, mesmo contando com grande aparato intelectual
e tecnológico.
Chega no máximo, a ser uma Maria Vai com as Outras, particularmente aquelas outras que também
são grandes, mas não são sexy.
A verdade é que, apesar de todas
as mudanças que aconteceram no
quadro social e no universo da comunicação, uma coisa continua absolutamente igual.
Só a grande ideia continua tendo
o poder de seduzir, porque só a
grande ideia é sexy.
Só a grande ideia é capaz de produzir "excelence in advertising".
A grande ideia ("puta ideia", para os íntimos) é a origem e a razão
dessa profissão.
Foi assim na idade do "lay" lascado, é assim nestes tempos de
iPads ambicionados e será assim
no futuro, que a nós pertence.
WASHINGTON OLIVETTO, publicitário, é chairman
da agência W/McCann.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
Texto Anterior: Emílio Odebrecht: Tragédias anunciadas
Próximo Texto: Annie Morrissey: São Paulo celebra a diversidade
Índice
|