São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011 |
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MELCHIADES FILHO Variação patrimonial BRASÍLIA - A desintegração de Antonio Palocci atingiu em cheio o PT. Acirrou rixas internas, expôs fragilidades das novas lideranças e comprometeu o trabalho de ocupação de espaços na máquina federal. De pouco adiantou o partido ter reagido rapidamente às revelações sobre a incrível escalada patrimonial de seu principal ministro. Os dirigentes petistas logo perceberam o potencial de dano do episódio, daí a escassa solidariedade ao titular da Casa Civil. Poucas semanas antes, vale lembrar, essas mesmas pessoas haviam desafiado a opinião pública e decidido reintegrar o tesoureiro do mensalão. Por que outro peso e outra medida para Delúbio Soares? Há quem diga que a militância aceita proteger quem se desvia para fortalecer o PT, mas não aqueles que agem em causa própria. Pode ser. Mas parece haver, mais do que isso, cálculo político. Para o partido, a vitória de Dilma significou uma chance imperdível de crescer e se multiplicar. Ao contrário de Lula, ela não intimida os correligionários. Antes da posse da presidente, nomes como Zé Dirceu e Fernando Pimentel já ensaiavam o slogan do "agora é pelo PT". Não obstante as queixas de alas sindicalistas e a falta de diálogo com Dilma no dia a dia, o fato é que o PT se deu bem mesmo. Bateu recordes de cargos e verbas. Ficou com o Planalto todo, por exemplo. Cada escândalo que abalar o governo, portanto, será uma ameaça a esse arranjo. Daí o desapego petista em relação a Palocci. Melhor sacrificá-lo do que correr o risco de precisar renegociar espaços. A mesma lógica, apenas invertida, leva o PMDB a hipotecar apoio público ao ministro: quanto mais o Planalto sangrar para justificar o que Palocci insiste em esconder, maior e melhor o naco que os peemedebistas deverão abocanhar na hora de repactuar a aliança. Os 20 dias de silêncio do ministro, e de Dilma, desequilibraram a balança em favor do PMDB. melchiades.filho@grupofolha.com.br Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: O Delúbio da banca Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Cheia de dedos Índice | Comunicar Erros |
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