São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

A força da TV

BRASÍLIA - Com as indicações fervilhando entre os candidatos presidenciais de que José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) estão em situação de empate técnico nas pesquisas de opinião, o tucano acusou o golpe nos jornais de ontem: "Todo candidato que aparece nos horários dos partidos cresce. É normal".
É normal? Mais ou menos. Há vários tipos de crescimento. O de Ciro é diferente do registrado pelo tucano. Por uma razão principal.
O candidato do PPS teve sua alta no momento ideal da pré-campanha. Foi o último a dar seu recado na TV. Qualquer iniciante em assembléias estudantis sabe que o melhor é ficar para o final na lista de discursos. Foi esse o caso de Ciro.
Em tese, pelo desejo de Serra, todos os candidatos estão agora equalizados. Já deram seu recado na TV. Juntos, terão de amargar um hiato de 50 dias até o começo da propaganda eleitoral gratuita, quando o tucano terá mais tempo e irá se recuperar. Está certa essa análise? Por ora, erradíssima. Basta assistir a comercias da TV Globo e perceber que a história nesta eleição será bem outra.
A Globo anuncia que o "Jornal Nacional" inicia na semana que vem uma série de entrevistas de dez minutos, ao vivo e em dias separados, com cada um dos quatro principais candidatos a presidente. É um fato inédito, que será repetido mais de uma vez durante a campanha. Nunca a TV foi tão importante como agora numa sucessão presidencial.
Ciro Gomes entrará nessa megaexposição exatamente no momento em que conseguiu subir nas pesquisas. Nada impedirá que o tucano, que Anthony Garotinho (PSB) e que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se saiam melhor do que o candidato do PPS.
Mas é inegável que Ciro está nos seus dias mais favoráveis. O fator TV Globo será vital para os candidatos neste período que precede a propaganda formal de TV. Uma tropeçada no "Jornal Nacional" pode ser fatal.



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