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CLÓVIS ROSSI
Um cadáver no Senado
SÃO PAULO - Lembra-se de que
Renan Calheiros, acuado pela catarata de acusações que pesam contra
ele, inventou mais uma teoria da
conspiração, tão descerebrada
quanto aquela que o lulo-petismo
criou, também para fugir dos fatos?
Para Calheiros, o alvo não era ele,
mas o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, no que seria um "terceiro
turno".
Pois é. Na votação de ontem, no
Conselho de Ética, todos os três senadores do PT integrantes do Conselho, todos, repito, votaram pela
cassação do presidente do Senado.
Vê-se, pois, que o PT aderiu em bloco à conspiração e está querendo,
portanto, o tal "terceiro turno" contra Lula. Ridículo, não?
Mas é dessas ridicularias que vivem muitos petistas (todos os acusados de "formação de quadrilha"),
alguns intelectuais e jornalistas
chapa-branca.
Aliás, não se ouviu ou leu, até agora, uma única avaliação de filósofos
e sociólogos do lulo-petismo sobre
a decisão do Supremo Tribunal Federal de transformar em réus todos
os 40 acusados pelo mensalão, entre eles três ministros de Lula, dois
presidentes do PT e outros altos
quadros tanto do PT como de partidos aliados.
Não vão, pelo menos, repetir a
idiotia da teoria conspiratória?
Quanto a Calheiros, nada há a
acrescentar ao muito que já foi dito.
Quando o Conselho de Ética do Senado aprova relatório que pede a
cassação do presidente da Casa, em
qualquer país civilizado do planeta,
o suspeito entregaria o cargo de
imediato, por ter perdido completamente as condições de presidir o
que quer que seja.
Note-se que a oposição tinha apenas seis dos 15 votos possíveis. O pedido de cassação foi aprovado por 11
votos, o que significa que cinco senadores da base governista votaram contra Calheiros.
Pode até ser que o plenário o absolva. Mas estará absolvendo um
cadáver insepulto.
crossi@uol.com.br
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