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ELIANE CANTANHÊDE
Mar adentro
BRASÍLIA - O Brasil se habilita
amanhã, quando os presidentes
Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas
Sarkozy ratificarem a aliança Brasil-França em Brasília, a ser o sétimo país do seleto time com condições hoje de projetar, construir e
operar tanto submarinos convencionais quanto de propulsão nuclear. Um projeto para 2021.
Os outros são os gigantes EUA,
França, Reino Unido, Rússia, China
e, mais recentemente, a Índia. Mas
há uma diferença. Eles operam com
submarinos "estratégicos", pesadíssimos, que são de guerra, para
ataque de longo alcance. Já o Brasil
optou por um submarino classificado "de ataque", mas bem menor,
mais leve, que pode operar torpedos e mísseis de alcance restrito,
contra outros submarinos ou navios. Ou seja, apesar da designação,
trata-se na verdade de um equipamento de defesa.
A pergunta que não quer calar é
por que raios o Brasil, país que convive com milhões de miseráveis,
com educação precária e saúde lamentável, vai se meter num negócio
desses? A resposta é razoavelmente
simples: porque o mar jurisdicional
brasileiro deve chegar a 4,5 milhões
de Km2. E não é de um governo, é de
todos.
É metade de todo o território nacional, com fronteiras virtuais e de
difícil controle, com petróleo jorrando. A gente bem sabe como ele é
gerador de guerras e invasões. O
petróleo é nosso. A Amazônia e a
chamada Amazônia Azul também.
É preciso ficar alerta contra a cobiça alheia, desde já.
Sem contar o efeito econômico,
técnico, científico, comercial e político que irradia de um empreendimento desse porte, ao custo de uma
bolada de 6,7 bilhões, diluídos na
base de R$ 1 milhão por ano. Um
preço justo. Que vale ser pago.
A aliança com a França é estratégica para o país de hoje e do futuro.
Lula sai, o mar e as riquezas brasileiras ficam. Ele acerta ao pensar
grande, deixando o pacote, o lega-
do para o Brasil e o sinal para o
mundo.
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