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RICARDO YOUNG
Educação de qualidade
A sociedade e também as
empresas, no Brasil e lá fora,
estão buscando líderes socialmente responsáveis, que se
preocupem tanto com os aspectos econômicos quanto
com a maneira pela qual obterão esses bons resultados. Como deve ser este líder?
Numa palestra aqui no Brasil, no ano passado, John
Wells, ex-professor de Harvard e presidente da IMD,
prestigiosa escola de negócios
na Suíça, arriscou uma definição ousada: o "líder 21" será
alguém mais parecido com
Che Guevara do que com Jack
Welch. "Duro", "agressivo", "de longo prazo", mas sem perder a ternura jamais.
Para Wells, líder responsável é resultado de um binômio que mistura vivência e educação de qualidade para todos.
Porque será da quantidade que surgirão os executivos e políticos da transformação pela qual a sociedade precisa passar para construir uma nova civilização.
No Brasil, temos vivência, mas não temos educação de qualidade para todos, em que pesem os avanços recentes e alguns centros de excelência, como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais).
A verdade é que o país nunca tratou a educação com o devido respeito. Por isso, não se
preparou para enfrentar o ciclo de mudanças que se avizinha, nem o atual momento de
crescimento econômico.
O resultado? O "apagão" de
mão de obra qualificada que
vai além da falta de profissionais. Faltam, mesmo, competências técnicas e comportamentais. Mesmo os universitários não conseguem atender o
perfil ético e responsável exigido aos gestores de hoje.
Pesquisa da OCDE (Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico)
mostra que, na relação com o
PIB, somos um dos três países
que menos investe em educação, dos 34 pesquisados. E, no
âmbito empresarial, a ABTD
(Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento)
verificou que os treinamentos
ministrados não igualam o nível dos profissionais brasileiros ao de seus colegas estrangeiros na mesma função.
O cenário parece sem saída,
mas não é. Algumas das mais
importantes entidades de educação do país, lançaram, com
a Unesco, uma carta-compromisso aos candidatos deste
ano, com propostas para execução até 2013, que incluem
valorização do profissional da
educação, padrões de qualidade para todas as escolas
brasileiras e mais vagas na escola profissionalizante.
Precisamos exigir dos eleitos total prioridade a estes objetivos. A educação tem de sair
do atalho e pegar a estrada
principal. O preço de mais um
descaso será a perda da janela
que a história nos escancarou
para que, finalmente, possamos atingir a prosperidade e a
justiça social que sonhamos.
RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.
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