São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

Piadas

RIO DE JANEIRO - Recebo vigorosa espinafração de um leitor a propósito de crônica em que, incidentalmente, contei uma piada sobre Portugal, reconhecendo antecipadamente que se tratava de um texto politicamente incorreto, e até mesmo não recomendado pelos manuais da Redação dos jornais de todo o mundo.
O leitor chega a pedir que eu leia o Zé Simão, que declara o Brasil como um país de "piadas prontas". Admiro o Simão e concordo com ele. Mas se tirarmos os portugueses e os papagaios de nosso anedotário oficial, sobrariam apenas as piadas velhíssimas do grande sonetista que foi Bocage.
Não sou nem nunca fui adepto do politicamente correto. Quanto às piadas, acho que elas valem pelo que são, boas ou infames, não fazem mal a ninguém e a nada.
Lembro o bom humor com que Getúlio Vargas ouvia piadas sobre sua pessoa (não sobre seu governo; havia o DIP para censurá-las). Vargas frequentava os teatros de revista e se deliciava com as referências feitas a ele, geralmente amáveis. Era querido e popular no meio do rebolado da praça Tiradentes.
Uma noite, a vedete Virginia Lane elogiava as qualidades do amendoim como afrodisíaco, leu algumas mensagens a respeito, inclusive uma do próprio Vargas, que estava na plateia. "Minha cara Virginia, graças ao amendoim eu mantive a dita dura por 15 anos."
E já que lembrei um ditador, vou lembrar outro. Quando Hitler invadiu a antiga Tchecoslováquia, o mundo ficou estarrecido com a ambição territorial do líder nazista e exigiu dele uma declaração oficial de que não mais invadiria país algum. Num comício em Berlim, diante dos embaixadores de toda a Europa, Hitler declarou: "Prometo que jamais invadirei Portugal". Foi, certamente, a única promessa que ele cumpriu.


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