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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Na boca das Matildes

RIO DE JANEIRO - Em crônica na semana passada, lamentei o mal-estar político e pessoal que se criara entre a governadora Rosinha Matheus e o prefeito Cesar Maia. Sem entrar no mérito da questão, lembrei o óbvio, citando Machado de Assis: "Somos todos fluminenses". De que adianta ao vencedor ficar com as batatas?
No sábado, vi os dois litigantes novamente juntos, em companhia do Carlos Arthur Nuzman, do Comitê Olímpico Brasileiro, dando os primeiros passos para os eventos esportivos, em nível mundial, que se realizarão nos próximos anos no Estado e na cidade do Rio de Janeiro.
Numa hora dessas, diante de um desafio com data marcada para acontecer, quando o mundo todo estiver ligado ao Brasil, não poderemos fazer feio, dando o monstruoso espetáculo de incompetência administrativa e despreparo de nossas lideranças públicas. O Rio até que tem uma boa tradição em realizar grandes eventos, desde a chegada de dom João 6º, em 1808, à Exposição do Centenário, em 1922, à Taça Jules Rimet, em 1950, à Eco-92, que reuniu em perfeita ordem e numa cidade limpa e ordeira mais de cem chefes de Estado do mundo todo.
Lembro da campanha de Mário Filho pela construção do estádio que hoje tem o seu nome. A autorização legislativa para que o prefeito Mendes de Morais pisasse na tábua e erguesse aquele colosso no Maracanã foi de autoria de um vereador da oposição, Ary Barroso, que teve o apoio da bancada comunista, então majoritária e que também fazia feroz oposição ao prefeito e ao presidente na ocasião, o marechal Dutra.
Em momentos assim, é intolerável pensar que divergências pessoais ou políticas possam prejudicar a imagem do Brasil, retardando ou impedindo dois acontecimentos mundiais que colocarão o Brasil na boca das Matildes que existem em todo o mundo. A prefeita de São Paulo, compreendendo isso, foi a primeira a prometer a colaboração de que o Rio certamente precisará para não dar vexame.


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