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MELCHIADES FILHO
Meninos perdidos
BRASÍLIA - Eduardo Paes é peixe
pequeno, um político sem projeção
nacional e de escassa força eleitoral
em seu Estado. Mas sua decisão de
se atirar nos braços de Lula tem importância simbólica -e não só porque foi tomada na semana em que o
Supremo se manifestou em favor da
fidelidade partidária.
O carioca Paes saiu do anonimato
na comissão parlamentar que fez
tremer o governo com a investigação do mensalão. Essa CPI trouxe
uma novidade. Em vez de figuras
enrugadas de Brasília, reunia rostos
jovens, capazes de formular declarações curtas, ao mesmo tempo
carbonárias e bem-humoradas, e de
encher a tela sem assustar a audiência. Também por isso eles cavaram
espaço fixo nos telejornais.
A oposição naturalmente se animou. A Paes, um deputado de apenas 37 anos, foi confiada a secretaria- geral do PSDB, o segundo principal cargo do partido -no papel, o
encarregado de engrossar e mobilizar a militância. A ele, também, foi
entregue a chapa a governador no
ano passado, um treino para a eleição à Prefeitura do Rio em 2008.
O boa pinta que fustigava Lula
promovido a engenheiro do futuro
tucano, porém, não resistiu às piscadelas. Ladeou-se a Sérgio Cabral
no cordão que cada vez aumenta
mais. Fechou com o PMDB lulista.
Quase o acompanhou outro astro
da jovem guarda do "JN". O deputado ACM Neto (DEM) só não aderiu
formalmente à base aliada porque
uma facção do carlismo rival à dele
chegou primeiro. Pré-candidato em
Salvador, o antes inclemente hoje
endossa o em-Lula-não-relo.
É lógico que nem todos cederam.
Há Gustavo Fruet (PSDB-PR), por
exemplo. E a tropa de choque de
técnicos a serviço dos "demos" continua atuante no Congresso.
Mas a debandada de Paes é um
elemento a mais a esvaziar as CPIs
como plataforma de construção
partidária. A estridência da ação
parlamentar, que parecia tão sólida,
desmanchou nos ares do paroquialismo e do proveito imediato.
mfilho@folhasp.com.br
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