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Choque de gestões
Espera-se que Marta Suplicy e Gilberto Kassab confrontem experiências e propostas de governo de modo mais franco
CONFIRMADO ontem nas
urnas, o embate decisivo
entre Marta Suplicy
(PT) e Gilberto Kassab
(DEM) pela Prefeitura de São
Paulo, daqui a três semanas, pode ser lido sob alguns diapasões.
Será uma preliminar da disputa pelo Planalto de 2010, pois estarão em campos opostos o PT
do presidente Lula, e a aliança
DEM-PSDB, patrocinada pelo
governador José Serra. Será um
teste de fogo para a afirmação de
Kassab, bem como para o futuro
de seu partido, que encontra dificuldades para formar quadros de
projeção nacional. Será um desafio político para Marta Suplicy,
que luta contra uma taxa de rejeição elevada e é cotada, dentro
de sua sigla, para concorrer a
postos de maior vulto daqui a
dois anos.
Já do ponto de vista do eleitor
paulistano -aspecto que será
preponderante para a organização das campanhas ao longo do
segundo turno-, o confronto entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab assumirá a forma de um choque de gestões. É apenas natural
que seja assim, pois estarão frente a frente o atual prefeito e a
candidata que governou a cidade
de 2001 a 2004.
Nesse cotejo administrativo,
as vantagens de Marta Suplicy
estão ligadas ao fato de ter lançado iniciativas que foram aprovadas pela população, como o bilhete único, nos transportes, e os
chamados escolões, implantados
nas áreas mais carentes da cidade. Os trunfos da administração
que Kassab passou a comandar
após a saída de Serra começam
pelo reconhecimento das ações
positivas da gestão petista, que
foram mantidas ou expandidas.
A melhora nas finanças da prefeitura permitiu à atual gestão
ampliar o alcance das políticas e
das obras públicas. Talvez por isso, no embalo da onda continuísta que se verifica em várias cidades brasileiras importantes, um
governante pouco tarimbado como Gilberto Kassab tenha terminado o primeiro turno ligeiramente à frente de uma liderança
mais experiente, como Marta
Suplicy, cuja gestão terminou
bem avaliada pela população.
O que se espera nesta fase da
campanha é que os candidatos se
abram para um diálogo mais
franco entre si e com os eleitores.
Para tanto, a comparação entre
feitos e promessas dos dois postulantes não pode ser deixada
apenas aos marqueteiros, nem
aos enfadonhos panegíricos do
horário eleitoral gratuito.
No segundo turno, as barreiras
legais já não servem como escudo para impedir um confronto livre e direto entre os adversários.
São Paulo poderia dar o exemplo
e inaugurar uma fase de debates
abertos e críticos com os políticos que querem governar a
maior cidade do país nos próximos quatro anos.
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