São Paulo, terça-feira, 06 de outubro de 2009

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PLÍNIO FRAGA

A Rio-2016 e a onda eleitoral

RIO DE JANEIRO - As magistrais imagens de "Olympia", filme da cineasta alemã Leni Riefenstahl (1902-2003) sobre os Jogos Olímpicos de 1936, realizados em Berlim, faziam parte de um projeto do regime nazista de mostrar ao mundo a suposta superioridade da raça ariana. A vitória do corredor negro norte-americano Jesse Owens é um dos exemplos de como o esporte pode ser pouco afeito às interferências políticas, driblando-a.
Os refugiados políticos brasileiros na Argélia em 1970 lembram de ter pactuado para não torcer pela seleção na Copa do México porque o título favoreceria a ditadura. O pacto não foi além da primeira vitória. O esporte havia driblado a política mais uma vez.
O presidente Lula pode ser beneficiado politicamente pela vitória do projeto Rio-2016? Depende -a mais inteligente das respostas já inventadas, porque embute salvo-conduto para qualquer cataclismo futuramente a ela associado.
Ninguém sabe qual é o modelo de José Serra para, por exemplo, a exploração do pré-sal, mas o pré-candidato tucano foi rápido ao pegar carona para dizer que o Rio é a "vitrine" do Brasil e que, com o "desenvolvimento do Rio, desenvolve-se também o país". Ou seja, o tucano movimentou-se para tentar ocupar um espaço no qual Lula foi predominante, e Dilma, personagem-satélite -com direito a horas de falação ufanista e camiseta amarela com a inscrição "I Love Rio".
Na prática, a vitória da Rio-2016 ou o clima de Brasil Grande que o governo tenta espalhar não têm efeito eleitoral por si. Podem formar uma onda, que precisa de um candidato com mérito para surfá-la. Pode ser Serra, pode ser Dilma. É preciso saber manobrar a prancha conforme as condições do mar e do vento. A vitória no surfe não vem do tamanho da onda, mas da habilidade do surfista em enfrentá-la.


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