|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PLÍNIO FRAGA
A Rio-2016 e a onda eleitoral
RIO DE JANEIRO - As magistrais
imagens de "Olympia", filme da cineasta alemã Leni Riefenstahl
(1902-2003) sobre os Jogos Olímpicos de 1936, realizados em Berlim, faziam parte de um projeto do
regime nazista de mostrar ao mundo a suposta superioridade da raça
ariana. A vitória do corredor negro
norte-americano Jesse Owens é um
dos exemplos de como o esporte
pode ser pouco afeito às interferências políticas, driblando-a.
Os refugiados políticos brasileiros na Argélia em 1970 lembram de
ter pactuado para não torcer pela
seleção na Copa do México porque
o título favoreceria a ditadura. O
pacto não foi além da primeira vitória. O esporte havia driblado a política mais uma vez.
O presidente Lula pode ser beneficiado politicamente pela vitória
do projeto Rio-2016? Depende -a
mais inteligente das respostas já inventadas, porque embute salvo-conduto para qualquer cataclismo
futuramente a ela associado.
Ninguém sabe qual é o modelo de
José Serra para, por exemplo, a exploração do pré-sal, mas o pré-candidato tucano foi rápido ao pegar
carona para dizer que o Rio é a "vitrine" do Brasil e que, com o "desenvolvimento do Rio, desenvolve-se também o país". Ou seja, o tucano movimentou-se para tentar ocupar um espaço no qual Lula foi predominante, e Dilma, personagem-satélite -com direito a horas de falação ufanista e camiseta amarela
com a inscrição "I Love Rio".
Na prática, a vitória da Rio-2016
ou o clima de Brasil Grande que o
governo tenta espalhar não têm
efeito eleitoral por si. Podem formar uma onda, que precisa de um
candidato com mérito para surfá-la. Pode ser Serra, pode ser Dilma. É
preciso saber manobrar a prancha
conforme as condições do mar e do
vento. A vitória no surfe não vem do
tamanho da onda, mas da habilidade do surfista em enfrentá-la.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Caça ao vice Próximo Texto: Marcos Nobre: Lula vai de Ciro Índice
|