São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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MOMENTO OPORTUNO

Incompreensível a oposição de lideranças do PT à venda pulverizada de uma parcela das ações do Banco do Brasil, a ser feita pelo BNDES neste mês. O senador eleito por São Paulo Aloizio Mercadante resolveu contestá-la. Ele se diz favorável à idéia da venda pulverizada, mas defendeu que essa oferta seja adiada para um momento "mais oportuno" no mercado de capitais.
É preciso ter claro que a venda de 17,8% das ações do banco público não pode ser entendida como uma privatização, pois não estará em jogo o controle acionário da empresa.
Além disso, o modelo adotado para a venda é um dos mais criativos que já se implantaram no país. Trabalhadores podem dispor de parcela de seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para comprar as ações. O formato já foi testado, com sucesso, duas vezes antes (com títulos da Petrobras e da Vale do Rio Doce). Com esses experimentos, parcelas tradicionalmente alijadas do mercado de capitais passaram a demonstrar mais interesse pela Bolsa e tiveram a chance de, correndo riscos, tentar fazer a sua poupança render mais.
Vale lembrar que a oferta de ações do BB é parte de uma estratégia para tornar mais transparentes as operações do banco em Bolsa. Ele deve passar a participar do chamado Novo Mercado da Bovespa, todo ele normatizado para dar mais segurança aos acionistas minoritários.
Quanto à questão do "momento oportuno", os indicadores recentes da Bovespa apontam para uma recuperação do principal índice de ações e para um movimento de volta de aplicadores estrangeiros, embora ainda tímido. É evidente que não se pode dizer que a Bovespa seguirá na trajetória de alta. Mas esse é um risco que se corre sempre em Bolsa de Valores. Registre-se, a propósito, que o governo pode suspender a venda dos papéis do BB caso julgue baixo demais o preço oferecido.
Se há o que lamentar, pois, é o fato de a venda pulverizada de ações com participação dos trabalhadores não ter sido adotada nas grandes privatizações do período FHC.


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