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IMPASSE CONSAGRADO
O duplo ataque terrorista que
provocou a morte de 23 pessoas anteontem em Tel Aviv (Israel)
ocorre a apenas três semanas das
eleições e quase certamente produzirá efeitos sobre o resultado do pleito.
Sempre que o terror ataca, o eleitor
israelense reage, tendendo a apoiar
os candidatos que defendem medidas mais duras contra os palestinos.
O beneficiário direto desse movimento é, no presente caso, o atual
premiê Ariel Sharon, do Likud (direita), que tenta a reeleição. O principal
rival de Sharon é o trabalhista Amram Mitzna, do Partido Trabalhista
(centro-esquerda), que propõe a retomada das negociações de paz com
os palestinos a partir do ponto em
que foram suspensas, há dois anos.
Às vésperas do ataque, pesquisas
registravam queda do Likud na preferência dos israelenses, mas nada
que ameaçasse a ampla vantagem
com que conta a agremiação.
É natural e compreensível que os israelenses votem preocupados com a
segurança. Há poucas coisas mais
pavorosas do que o estresse diário a
que são submetidas pessoas que vivem num Estado sob campanha terrorista, como ocorre com Israel. Há
poucas coisas piores do que conviver
diuturnamente com a perspectiva de
ser atingido por um homem-bomba
em tarefas tão prosaicas quanto atravessar a rua ou tomar um ônibus.
O problema das propostas de Sharon, que se recusa a negociar o que
quer que seja com os palestinos enquanto os ataques não cessarem, é
que elas só oferecem respostas para
o curto prazo. Não existe segurança
no mundo capaz de impedir os estragos que um homem-bomba disposto a explodir-se de causar.
Já os trabalhistas, ao insistir numa
solução negociada para o conflito,
pretendem encontrar uma solução
para a questão do Estado palestino e,
assim, eliminar as causas que estão a
gerar o terror palestino. A grande dificuldade é que boa parte dos israelenses, depois do fracasso das primeiras negociações, já não confia
em Iasser Arafat ou nos palestinos.
Ao que tudo indica, as urnas apenas consagrarão o impasse.
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