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DO PULSO AO MINUTO
Um aspecto das novas normas
para a telefonia fixa, anunciadas no fim do ano passado pela
Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel), vem gerando controvérsia. Trata-se do preço arbitrado
para a cobrança com base no minuto
falado, que substituirá, até julho, o
sistema de tarifação por pulsos.
A tarifação por pulsos incide, grosso modo, a cada período de quatro
minutos falados. Já no novo modelo,
será cobrado um tempo mínimo de
30 segundos e, a partir daí, a tarifação se dará a cada seis segundos. O
valor debitado do consumidor corresponderá praticamente à duração
exata da ligação.
O problema é que o preço estipulado para o minuto tornará as ligações
mais longas bem mais caras. O pulso custa hoje cerca de R$ 0,15 e o minuto deverá sair por algo em torno de
R$ 0,10. Em valores aproximados,
significa que a chamada local de dez
minutos, que em São Paulo sai por
R$ 0,45, custará R$ 0,95 (mais que o
dobro). Quanto mais longa for a ligação, maior será o aumento.
É possível que o encarecimento das
chamadas de maior duração seja
equilibrado por uma maior disciplina do uso do telefone. Mesmo assim,
é justificável a apreensão das entidades de defesa do consumidor.
É difícil antecipar o comportamento do usuário no novo sistema, até
porque há opções de substituição da
linha fixa, como a telefonia móvel e,
ainda em menor escala, as ligações
pela internet. E, ainda que se possam
disciplinar as chamadas domésticas,
talvez o mesmo não ocorra com alguns ramos empresariais que dependem do uso intensivo do telefone.
As inovações das novas normas da
telefonia fixa atendem a pleitos antigos dos consumidores e são bem-vindas. A questão é saber se o valor
definido para o minuto de ligação
não vai onerar demais famílias e empresas. Para que isso não ocorra, a
Anatel deve monitorar de perto a implantação do modelo e propor correções assim que detectar exageros.
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