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KENNETH MAXWELL
Três elefantes cor-de-rosa
EM OUTUBRO de 1942, Knut
Haugland e três outros soldados noruegueses das forças
especiais chegaram de paraquedas
ao altiplano de Hardanger, na Noruega. Membro da Companhia Independente Norueguesa, Haugland iniciava sua participação em
um dos mais ousados atos de sabotagem da Segunda Guerra.
Os britânicos suspeitavam que a
usina da Norsk Hydro em Vermork, nas montanhas Telemark,
cerca de 130 quilômetros a oeste de
Oslo, estivesse produzindo "água
pesada", como parte de um programa secreto alemão para o desenvolvimento de uma bomba atômica. Haugland e seus companheiros
foram instruídos a esperar pela
chegada do restante da unidade, despachada em planadores.
A segunda fase da operação foi
um desastre, no entanto. Os planadores não localizaram o alvo e caíram. Os sobreviventes foram todos
capturados, torturados e, em seguida, fuzilados pelos nazistas. Haugland sobreviveu ao inverno norueguês em uma cabana de caçador, comendo carne de rena, farelo
de aveia e líquen. Ele construiu um
aparelho de rádio usando varas de
pesca roubadas e a bateria de um
automóvel e estabeleceu contato
com os britânicos. Seu código era "três elefantes cor-de-rosa".
Em fevereiro de 1943, os britânicos enviaram uma segunda equipe
de forças especiais, com seis soldados. Depois de fazerem contato
com Haugland, eles conseguiram
se infiltrar na usina da Norsk e posicionar explosivos, tudo isso sem
disparar um tiro. Quatro membros
da equipe viajaram centenas de
quilômetros de esqui, chegando à
fronteira da Suécia. Haugland e os
demais continuaram na Noruega,
trabalhando em colaboração com a resistência norueguesa.
A despeito de ter sido capturado
três vezes pela Gestapo, Haugland
conseguiu escapar em todas essas
ocasiões. Retornou ao Reino Unido
em 1944, onde conheceu Thor Heyerdahl em um campo de treinamento paramilitar britânico. Em
1947, ele se integrou à famosa expedição Kon-Tiki, de Heyerdahl,
como operador de rádio. A viagem
os levou em uma balsa do Peru à
Polinésia, através do oceano Pacífico, e tinha o objetivo de provar que
a Polinésia havia sido colonizada por americanos, não por asiáticos.
Em um dos momentos mais dramáticos da travessia, Haugland salvou um colega de tripulação que
havia sido arrastado da balsa pelo mar bravio.
Knut Haugland morreu aos 92
anos, no dia do Natal. Sempre foi
modesto sobre suas realizações.
Não gostou muito de "The Heroes
of Telemark", o filme de 1965 sobre
a sabotagem à usina da Norsk
Hydro, estrelado por Kirk Douglas
e Richard Harris. "Essa história
não deveria ser glorificada. Não
éramos heróis. Estávamos apenas
fazendo o nosso trabalho".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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