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KENNETH MAXWELL
A luta continua
NOS EUA , nesta semana, 24
Estados, da Califórnia a
Massachusetts, conduziram eleições primárias para esclarecer que candidatos os partidos
Democrata e Republicano apresentarão na eleição presidencial de
novembro. Mas o desfecho das primárias da Superterça é bem menos
claro do que os analistas alegam.
O Missouri, Estado conhecido
como "indicador de tendências",
serve de exemplo. Desde 1904, e
com exceção de apenas uma eleição, o candidato que venceu no Estado venceu a eleição presidencial.
Lá, o voto dos republicanos se dividiu em três: o senador McCain venceu no Missouri, mas com apenas
33% dos votos; Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, um Estado vizinho, obteve 32% e foi derrotado por margem mínima; enquanto o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney ficou com apenas 29%. Mas o dado importante
no Missouri foi a divisão do voto
entre três candidatos, e sem que
um favorito claro surgisse. Do lado
democrata, o senador Barack Obama venceu, mas por margem ínfima, obtendo 49% dos votos ante os
48% conquistados pela senadora
Hillary Clinton.
O que isso significa para os líderes na disputa nacional, Hillary e
McCain? Do lado republicano, o
resultado demonstra que McCain
ainda precisa superar o poderoso
desafio da ala direita do partido,
personificado não por Romney,
candidato amplamente dotado de
recursos, mas por Huckabee, que
claramente mantém o forte apoio
das bases religiosas e conservadoras de seu partido. Quanto à senadora Clinton, o resultado demonstra que a presença de Obama continua formidável -e de maneira especialmente notável no Missouri.
Hillary, como Huckabee, é bem conhecida no Missouri, depois de seu
longo período como "primeira-dama" do Estado vizinho.
Os resultados nacionais da Superterça deram oito Estados e 540
delegados a Hillary e 13 Estados e
539 delegados a Obama. A decisão
quanto à candidatura democrata
pode bem ser postergada até a convenção, na qual os chamados "superdelegados" poderão desempenhar papel decisivo. Estamos falando dos líderes da máquina política e das figuras renomadas do
Partido Democrata, entre os quais
a influência da máquina política de
Hillary será forte.
Observem o Missouri. A indecisão nos resultados demonstra que,
entre os republicanos, a insurgência da ala direita continua. E, entre
os democratas, o resultado no Estado aponta para os perigos de uma
convenção decidida por manobras
de bastidores, na qual os líderes do
partido poderão garantir a vitória
de Clinton, mas sob o risco de frustrar o entusiasmo e a esperança de
mudanças fundamentais que Obama despertou neste ano eleitoral.
Assim, para ambos os lados, como
costumavam dizer os radicais latino-americanos, a luta continua.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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