"Alguém deveria perguntar ao arcebispo de Recife se já foram excomungados os inúmeros padres pedófilos da igreja, se foram excomungados os representantes da igreja que enriqueceram com o dinheiro do povo, favorecendo reis na Idade Média, e se foram excomungados aqueles que queimaram centenas de mulheres em praça pública simplesmente por prazer. Sou católica, frequento a missa todos os domingos e participo de atividades sociais. Mas não sei ser hipócrita a esse ponto, mesmo em relação à minha religião. Deus é mais que normas. Cada qual vai responder a Ele, não a homens. Por isso temos livre-arbítrio. A igreja é um lugar para se acalmar, para rezar, para manifestar sentimentos, mas é só. Deus está dentro da gente, em qualquer lugar que estivermos, em qualquer religião que frequentarmos. Cada um deve responder por seus próprios atos, por suas próprias escolhas. Quem são estes que querem falar em Seu nome? Para quem acredita, Ele não precisa de intermediários."
KEILA RICETO (Uberaba, MG)

"A Igreja Católica, por sua doutrina, perdoa os estupradores e ainda reserva para eles lugares no Paraíso. Mas remete ao fogo do inferno aqueles que salvaram a vida da menina e agiram dentro dos mais altos sentimentos humanitários. Em que mundo absurdo, anacrônico e surreal vivem esses padres e bispos? É por essas e por outras que cada vez mais as pessoas se afastam da igreja e se aproximam de Deus, como diz a sabedoria popular."
FERNANDO FABBRINI (Belo Horizonte, MG)

"O arcebispo de Olinda e Recife tem sido duramente criticado em virtude da excomunhão dos médicos e da mãe da menina que foi estuprada. Infelizmente, pelo que sei, nenhum colega saiu em sua defesa. Na verdade, o direito penal canônico (cânon 1398) prescreve a excomunhão automática no caso de aborto. Trata-se de exceção ao princípio do devido processo legal, haja vista a gravidade do delito que foi perpetrado. O arcebispo não moveu nem uma palha sequer para infligir a pena a todos os que participaram do aborto. Ele não é responsável pela excomunhão. Está na lei da igreja."
EDSON LUIZ SAMPEL , doutorando em direito canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma (São Paulo, SP)

Universidade
"Quando são divulgadas notícias de que alunos de escola pública chegaram às boas universidades ou de que ações afirmativas no ensino têm possibilitado tal ingresso, surgem aqueles que pretendem minimizar trabalhos voluntários importantes, como o da Educafro. O senhor Vivaldo J. Breternitz fê-lo neste "Painel do Leitor" (5/3). Talvez a revolta do missivista se deva a uma miopia típica das pessoas que desconhecem a realidade que as circunda. O fato é que, ao desqualificar a Educafro, o leitor externou sua visão preconceituosa de mundo. Mas é preciso alertá-lo de que os estudantes que frequentam os cursinhos da instituição não são apenas os negros. Trata-se de ambiente em que a solidariedade não seleciona a cor da pele, mas, sim, oferece possibilidade àqueles que não pretendem se aviltar na vida."
RENATO ALESSANDRO DA SILVA (Limeira, SP)

"No texto "Dos 5 cursos mais concorridos da USP, 4 têm alta de alunos da rede pública" (Cotidiano, ontem), a declaração de Eunice Ribeiro Durham pressupõe, erroneamente, que a Unesp não oferece cursos pré-vestibular gratuitos. A universidade oferece esse serviço para alunos de baixa renda desde 1993, com material didático gratuito, e já atinge todas as 23 cidades em que está presente, com previsão de 4.586 matrículas para 2009. Dos matriculados em 2007, 1.050 foram aprovados em vestibulares e, destes, 707 o foram em instituições públicas. Com apoio do governo do Estado e do banco Real, a Unesp concede também 487 bolsas para alunos de graduação que dão aulas em seus cursinhos."
MARIA AMÉLIA MÁXIMO DE ARAÚJO, pró-reitora de Extensão Universitária da Unesp (São Paulo, SP)

MST
"Em relação à reportagem "TCU comprova repasses de entidades ao MST" (Brasil, ontem), sobre a Anca, esclareço que, em conversa via telefone com o jornalista Hudson Corrêa, deixei claro que havia uma dificuldade de compreensão do TCU para com a realidade do meio rural brasileiro, onde muitas vezes nas localidades próximas a áreas rurais não há sequer bancos. Ou seja, justamente por se tratar de regiões pouco estruturadas é que há maior déficit em escolaridade e o Estado se ausenta, sendo necessárias parcerias com entidades voltadas para esse público. Resumir todo esse contexto a uma questão de "nota fiscal" não condiz com o bom jornalismo e não reflete os diálogos que tivemos."
PATRICK MARIANO GOMES, advogado (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Hudson Corrêa - A reportagem traz a afirmação do missivista de que não houve desvio de recursos, mas dificuldades em comprovar despesas na zona rural. O TCU vê irregularidade na comprovação de gastos apenas com recibos, sem notas fiscais.

Alcântara
"Em artigo publicado no dia 28 de fevereiro na seção "Tendências/Debates" ("São intransigentes os quilombolas?'), a professora Maristela de Paula Andrade erra ao afirmar que "empresas contratadas pela ACS invadiram os povoados do litoral onde pretendiam implantar três sítios de lançamento". Qualquer um que acompanhe o assunto sabe que a Alcântara Cyclone Space (ACS) ocuparia apenas um sítio de lançamento em Alcântara. Ao abrir mão da área externa ao CLA, a ACS não mais realizou incursões no território definido pelo Incra como quilombola. Mas, por determinação do Ibama, tem de realizar estudos de impactos social e ambiental ali. Porém líderes locais impedem nosso acesso à região. A suposta reunião em São Luís, que ocorreria no dia 18 de fevereiro, nunca foi informada a esta empresa. A ACS preparava um encontro com as comunidades no próprio dia 18, mas na comunidade de Mamuna, quando foi informada de que o evento estava cancelado."
GUSTAVO TOURINHO, assessoria de comunicação da binacional Alcântara Cyclone Space (Brasília, DF)

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