São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Crédito sustentável no Banco do Brasil

ALDEMIR BENDINE


O resultado apresentado pelo BB em 2009 demonstra que estavam corretas as ações adotadas pelos bancos públicos ao enfrentar a crise

O RESULTADO de 2009 do Banco do Brasil retoma debate que começou no segundo trimestre daquele ano, quando o Banco voltou a ser a maior instituição no país em ativos financeiros: a expansão do crédito pelo Banco do Brasil seria sustentável ou a instituição enfrentaria um abalo na qualidade de sua carteira logo adiante?
Prudência, bom conservadorismo e qualidade do crédito são prioritários na indústria bancária. Sem abrir mão dessas exigências, o BB casou-as com medidas consistentes de expansão do crédito e de parceria com os grandes movimentos indutores da economia do país. O BB trilhou esse caminho e os indicadores da sustentabilidade de sua expansão são evidentes.
Os índices de inadimplência do BB mantiveram-se abaixo dos registrados pela indústria financeira. Ampliamos o crédito em linhas de menor risco, que ofereciam melhores condições de prazo e de custo financeiro.
Priorizamos clientes com cadastro positivo e bom histórico de relacionamento. Adotamos medidas para manter o índice de Basileia em patamares adequados ao crescimento do crédito.
Durante a crise, o nível de formação bruta de capital fixo foi maior do que a média verificada nos últimos dez anos. À época, a redução do crédito disponível fez a capacidade produtiva do país baixar aos 80%, embora os empresários continuassem dispostos a manter seus investimentos no Brasil. Vimos ali oportunidades imensas de negócios.
Revisamos nosso processo de crédito para ganhar agilidade e financiar a compra de bens de capital por clientes de pequeno e médio porte, grandes geradores de emprego no Brasil.
Tivemos recorde de liberação de recursos em programas como Caminho da Escola e o Pró-Vias, destinados a aquisições de ônibus e de obras viárias em municípios.
O resultado apresentado pelo BB em 2009 demonstra que estavam corretas as ações adotadas pelos bancos públicos no enfrentamento da crise mundial e no estímulo ao setor produtivo na condição de agentes anticíclicos. Embora qualquer medida anticíclica, por sua própria natureza, tenha prazo certo para acabar, nosso movimento de expansão do crédito mirou um país com duradouras e amplas perspectivas de crescimento.
O Banco do Brasil é, agora, a imagem refletida no espelho de um país que tem no horizonte grandes obras de infraestrutura (Copa, Olimpíada, pré-sal), movimentos consistentes de internacionalização das empresas nacionais, crescente inclusão da população de menor renda e outros indicativos que apontam para novas oportunidades de negócios e crescimento.
Portanto, a estratégia adotada pelo BB não foi fruto de alquimias premonitórias, mas um projeto assentado sobre bases de crescimento que hoje se tornaram mais claras para todos os setores da economia.
A redução do debate à dicotomia "Estado x mercado" em nada contribui para a compreensão do papel que os bancos públicos podem desempenhar. O Estado que induz o desenvolvimento não é novidade no mundo. Mesmo países que se tornaram ícones do liberalismo econômico tiveram a presença ativa do Estado em sua economia. Não há contradição entre apoiar políticas públicas e gerar resultados para os acionistas.
Hoje, por exemplo, há grandes perspectivas para o comércio exterior, principalmente com as novas descobertas do petróleo. A realidade do pré-sal influenciará setores industriais que dependem muito do comércio exterior para se fortalecer.
O BB sempre foi líder no financiamento desse segmento, manteve a posição em 2009 e acompanha de perto o movimento de internacionalização das empresas brasileiras.
Manter posições de liderança é um propósito que vai demandar grande empenho do Banco do Brasil, pois o sistema financeiro é dinâmico e competitivo, e as oportunidades que surgem aparecem em ambientes cada vez mais desafiadores.
O BB está preparado para participar desse cenário, pois consagrou uma forma de gestão que concilia eficiência e rentabilidade sem abrir mão de seu papel como empresa pública e de contribuir para o desenvolvimento e crescimento do país.
O resultado que obtivemos não permite ufanismo, mas vislumbrar, entre o passado e o futuro, uma realidade que favorece ousados projetos de investimento e de expansão.
Alguns duvidam, outros ficam esperando pelo amanhã. Mas quem prefere viver plenamente o presente antecipa-se ao futuro.


ALDEMIR BENDINE , 46, administrador de empresas, é presidente do Banco do Brasil. Foi diretor-executivo da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

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