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Deboche dos vereadores
EM SUA MAIS recente tentativa de arrebatar verbas públicas para contemplar interesses privados, a Câmara Municipal de São Paulo foi pródiga.
Saiu-se com um "trem da alegria" que transfere ao contribuinte o pagamento dos salários
de seus cabos eleitorais, cria 223
novos cargos e oferece jetons para servidores efetivos da Casa.
O novo ataque ao erário já foi
aprovado em primeira votação.
Houve apenas dois votos contrários, de Arselino Tatto (PT) e Ricardo Trípoli (PV). Se o projeto
passar pelo segundo escrutínio,
previsto para a semana que vem,
irá à sanção do prefeito.
É especialmente grave a proposta de permitir que os assessores dos edis trabalhem em suas
bases eleitorais -e não apenas
na Câmara como exige a legislação vigente. Além do absurdo
que é financiar interesses privados com dinheiro público, o projeto cria uma distorção política,
ao proporcionar aos atuais vereadores uma vantagem eleitoral
com a qual os demais candidatos
não poderão contar.
Um ponto central da tão almejada reforma política brasileira é
edificar barreiras ao clientelismo -o exato oposto do que faz a
proposta da vereança paulistana.
De resto, quando faltam verbas
para setores tão vitais quanto a
saúde e a educação, não faz sentido aumentar ainda mais as despesas do Legislativo da cidade.
Os vereadores não podem
queixar-se de seu quinhão. Além
dos vencimentos de R$ 7.155,00
que recebem mensalmente, têm
direito a R$ 71.564,92 para gastar
em salários e gratificações de até
18 assessores, 400 litros de combustível e várias centenas de
reais em contas telefônicas, despesas de correio, impressos, fotocópias e cartões de visita.
Decerto a democracia não pode prescindir de legisladores.
Mas é também válida a recíproca
de que parlamentares não podem debochar do contribuinte.
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