São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011 |
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ELIANE CANTANHÊDE Seja o que Dilma quiser BRASÍLIA - Prêmio Nobel da Paz no ano passado, o ativista Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão na China. Admirado no seu país e internacionalmente conhecido, o artista Ai Weiwei simplesmente desapareceu na sexta-feira passada, tentando embarcar de Pequim para Hong Kong. O crime dos dois? Criticar duramente o regime chinês. Isso é uma tremenda saia justa para Dilma Rousseff, que chega a Pequim na próxima segunda-feira e tem bons motivos, até pessoais, para não calar: presa e torturada pelo regime militar, ela carimbou seu governo como afirmativo na área de direitos humanos. Não pode, portanto, repetir Lula, que tripudiou a sofrida resistência iraniana, ironizou os presos políticos cubanos e confraternizou às gargalhadas com os irmãos Castro no dia em que um dissidente em greve de fome morreu. Mas as opções de Dilma não são fáceis. Ou segue o protocolo diplomático, fica calada e finge que a agonia de Xiaobo e as dúvidas quanto a Weiwei não são com ela, ou segue o coração, a própria história e a nova posição do Brasil e coloca a questão de algum jeito. Ela deve estar remoendo isso. O Itamaraty aconselha que Dilma lave as mãos, sob a alegação de que temas espinhosos assim cabem em organismos multilaterais, não em encontros bilaterais de chefes de Estado. Teme que qualquer coisa que a presidente diga a mais contamine a agenda e provoque uma reação. E se o presidente Hu Jintao lembrar o estado das prisões brasileiras, falar em trabalho infantil e nas balas perdidas das polícias? Realmente, não é simples, mas os diplomatas estão aprendendo que Dilma é Dilma. Como estuda efetivamente os temas, foi ela própria quem decidiu cobrar coerência dos EUA na área comercial no discurso com e para Barack Obama. Então, seja o que Dilma quiser. PS - Aécio tardou, mas não falhou. Seu discurso no Senado é um consistente roteiro de oposição. elianec@uol.com.br Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Crispação, banalização, ebulição Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Homem: esse desconhecido Índice | Comunicar Erros |
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