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IDENTIDADE DE OPOSIÇÃO
Q ue identidade deve assumir uma campanha oposicionista para tentar rivalizar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas
eleições de outubro? Em torno dessa
pergunta se digladiam, já com uma
dose perceptível de drama, tucanos,
pefelistas e peemedebistas não-alinhados ao governo. Uma resposta
eficaz ainda não surgiu.
Não são apenas as performances
nas pesquisas dos principais proponentes de oposição -por ora insuficientes para ameaçar o favoritismo
do petista- que configuram essa
ausência de tônus. O mais preocupante para um país que necessita debater seus problemas, a fim de melhorar o ambiente em que o eleitor
decide seu voto, é a falta de um conjunto de idéias-força da oposição.
Não basta explorar os desmandos
em série cometidos sob a gestão Lula, narrados sem maneirismos na denúncia do procurador-geral da República acerca do mensalão. A corrupção está entre os temas nacionais
mais importantes; mas há outros
igualmente prioritários -como a
pobreza, a má distribuição de renda,
a maldição do crescimento baixo, a
violência nas grandes cidades, o péssimo ensino público- que não podem ser deixados de lado.
Uma imagem com pouca luz própria, a reagir pontualmente à agenda
que vem do governo federal, é quase
tudo o que oferece por ora o ex-governador paulista Geraldo Alckmin.
O postulante tucano resvala vez ou
outra no "choque de gestão" ou no
corte de despesas públicas e de impostos. Mas sua administração pouparia recursos para fazer o quê? Um
plano de educação que coloque
crianças em tempo integral na escola? Um extenso programa habitacional? Um projeto de reforma da infra-estrutura das áreas metropolitanas?
Os tributos seriam cortados de maneira uniforme ou de acordo com
um projeto para beneficiar certos setores empresariais e/ou sociais? Em
que nicho da revolução tecnológica
cujo passo o Brasil vai perdendo concentraria recursos públicos?
Nem se fale de Anthony Garotinho,
o terceiro colocado nas pesquisas.
Da fase em que pronunciava bordões
vazios acerca de uma inflexão na política econômica passou à greve de
fome. Que esperar de um candidato
ao posto mais alto da República que
reage dessa forma a denúncias acerca de seus fundos de pré-campanha?
Difícil conciliar tal comportamento
com o esperado de um estadista.
Enquanto isso, Lula, cuja plataforma eleitoral se resume a oferecer a
continuidade, flana à vontade.
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