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ELIANE CANTANHÊDE
O certo e o errado
BRASÍLIA - Lula já recebeu, abraçou e mimou Fernando Collor, dizendo que aquelas histórias todas
eram só politiquices e que ele faria
um "mandato extraordinário" no
Senado. Collor virou presidente da
Comissão de Infraestrutura.
Lula defendeu Renan Calheiros,
a quem chegou a prometer um
"cheque em branco" na época em
que os sigilos bancários, políticos e
até pessoais do senador voaram pelos ares. Renan perdeu a presidência do Senado, mas manteve importante capacidade de articulação no
Congresso e no PMDB.
Lula deu de ombros aos processos, denúncias e suspeitas contra
Jader Barbalho, outro que também
despencou da presidência do Senado. Jader saiu da ribalta para os bastidores e se tornou respeitado conselheiro político do presidente.
Lula criticou os críticos do governador Cid Gomes (CE), que contratou um jatinho com dinheiro público para uma farra na Europa com a
mulher, a sogra e um grupo de amigos-assessores, em pleno Carnaval.
Nunca mais se falou nisso.
Agora, Lula declara em bom e alto
som que não passa de "hipocrisia" a
condenação pública às passagens
que voam na Câmara e no Senado,
defendendo que voo é assim mesmo, é para ser voado. Por sindicalistas amigos, por exemplo.
Só falta Lula se sujeitar à pressão
do PMDB hoje -e quem sabe do PT
amanhã- para reverter o processo
de moralização da Infraero, estatal
responsável pela administração de
aeroportos e cabide de empregos
dos aliados dos aliados.
O plano do governo para a Infraero começa com concessões de pistas à iniciativa privada, passa pela
abertura de ações em Bolsas e pode
chegar à privatização. Nada disso é
possível sem sanear cargos, finanças e operações. Ao contrário de governos, empresário sério não põe o
seu rico dinheirinho em empresa
bagunçada e suspeita.
Lula está entre manter o bico de
irmãos, ex-mulheres e amigos de
aliados e sanear a estatal. Ele decide. E a gente fica de olho.
elianec@uol.com.br
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