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A NOVELA DE KYOTO
Duraram pouco as comemorações pelo fato de a União Européia e o Japão terem ratificado, nos
primeiros dias de junho, o Protocolo
de Kyoto (o acordo internacional para diminuir a emissão dos gases-estufa). No dia seguinte ao da aprovação do tratado pelo Parlamento japonês, John Howard, primeiro-ministro australiano, anunciou que seu
país não ratificará o documento.
Pelo tratado, assinado em 1997, os
países industrializados se comprometem em reduzir, até 2012, suas
emissões de gás carbônico (CO2), o
principal gás-estufa, em 5,2% em
média em relação aos níveis de 1990.
Mas o protocolo só entra em vigor
depois que for ratificado por 55 países que representem pelo menos
55% das descargas que as nações industrializadas emitiam em 1990.
Quando o presidente George W.
Bush anunciou que os EUA não adeririam a Kyoto, abriu uma bela ferida
no tratado. Os EUA sozinhos respondem por 36,1% das emissões dos
países industrializados. As nações
que já ratificaram o documento somam 35,8% das descargas. Se a Rússia chancelar o tratado até o fim do
ano, como se espera, o total chegará
a 53,2%, apenas 1,8 ponto a menos
do que o mínimo necessário.
É aqui que os 2,1% da Austrália poderão fazer falta. A entrada em vigor
do protocolo passará a depender do
Canadá, com seus 3,3%, que se mostra reticente, ou então de vários países pequenos do Leste Europeu.
Mesmo que Kyoto seja oficializado,
é forçoso reconhecer que um acordo
desse tipo sem os EUA é bem mais
fraco do que seria se contasse com a
participação de Washington. Bush,
contudo, parece determinado em seguir sua política unilateral. De todo
modo, é importante que o mundo siga com a implementação do protocolo, mesmo sem Washington. Os
EUA são uma democracia, e a permanência de Bush na Casa Branca é
transitória. Os EUA poderão retornar
ao acordo mais à frente.
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