São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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A NOVELA DE KYOTO

Duraram pouco as comemorações pelo fato de a União Européia e o Japão terem ratificado, nos primeiros dias de junho, o Protocolo de Kyoto (o acordo internacional para diminuir a emissão dos gases-estufa). No dia seguinte ao da aprovação do tratado pelo Parlamento japonês, John Howard, primeiro-ministro australiano, anunciou que seu país não ratificará o documento.
Pelo tratado, assinado em 1997, os países industrializados se comprometem em reduzir, até 2012, suas emissões de gás carbônico (CO2), o principal gás-estufa, em 5,2% em média em relação aos níveis de 1990. Mas o protocolo só entra em vigor depois que for ratificado por 55 países que representem pelo menos 55% das descargas que as nações industrializadas emitiam em 1990.
Quando o presidente George W. Bush anunciou que os EUA não adeririam a Kyoto, abriu uma bela ferida no tratado. Os EUA sozinhos respondem por 36,1% das emissões dos países industrializados. As nações que já ratificaram o documento somam 35,8% das descargas. Se a Rússia chancelar o tratado até o fim do ano, como se espera, o total chegará a 53,2%, apenas 1,8 ponto a menos do que o mínimo necessário.
É aqui que os 2,1% da Austrália poderão fazer falta. A entrada em vigor do protocolo passará a depender do Canadá, com seus 3,3%, que se mostra reticente, ou então de vários países pequenos do Leste Europeu.
Mesmo que Kyoto seja oficializado, é forçoso reconhecer que um acordo desse tipo sem os EUA é bem mais fraco do que seria se contasse com a participação de Washington. Bush, contudo, parece determinado em seguir sua política unilateral. De todo modo, é importante que o mundo siga com a implementação do protocolo, mesmo sem Washington. Os EUA são uma democracia, e a permanência de Bush na Casa Branca é transitória. Os EUA poderão retornar ao acordo mais à frente.



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