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FERNANDO RODRIGUES
Bastidores dos radicais
BRASÍLIA - Por que o PT não afastou os chamados radicais da bancada do
partido na Câmara e no Senado em
vez de iniciar precocemente um ruidoso processo de expulsão na Comissão de Ética da sigla?
Resposta: havia maioria dentro da
bancada da Câmara para tomar tal
procedimento, mas não no Senado.
Assim, ficou decidido que os radicais
seriam todos enviados diretamente
para a Comissão de Ética.
Quando chegou o momento de fazer a reunião, num domingo do mês
passado, a direção percebeu o erro
cometido. Normalmente dedicado ao
futebol e às corridas de Fórmula 1,
aquele domingo seria oferecido de
bandeja para a mídia rechear os jornais de segunda-feira com a possível
expulsão de congressistas do PT. O
julgamento foi adiado para o dia 28
deste mês, um sábado.
Não se sabe ainda o que o partido
fará quando chegar a hora. O circo
será armado de novo.
A cúpula petista enxerga como
quase irreversível a saída de dois ou
três congressistas da sigla. Só que preferiria ficar sem a pecha de "Torquemada" que já vai colando aos poucos. Para isso, o ideal seria aguardar
alguma votação concreta no Congresso. Se a infidelidade for de fato
configurada na prática, com o voto
contrário dos radicais, aí sim haveria
uma razão concreta para promover
uma eventual expulsão dos infiéis.
Estaria afastado o argumento desconfortável de perseguir congressistas
apenas por "delito de opinião". A punição seria decorrente de uma atitude real de afronta à posição da maioria da bancada.
Tudo agora parece óbvio, mas a
tradição de muito debate e inexperiência de poder foram responsáveis
pelo barulho desproporcional causado por meia dúzia de radicais.
O PT aprende a duras penas a se
controlar em público. Mas os radicais
ainda vão ocupar muito espaço até
serem uma página virada.
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