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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Vale do Jequitinhonha
O empenho nacional para erradicar a miséria e a fome vai se fortalecendo graças às iniciativas do governo, à atuação das instituições religiosas e filantrópicas e à progressiva articulação da sociedade, conforme as
orientações do Fome Zero, do Mutirão Nacional lançado pela CNBB e de
outras beneméritas entidades. A prioridade do atual governo brasileiro tem
atraído a atenção de outros países e
inspirado medidas semelhantes.
Além das ações que procuram aliviar, sem delongas, a miséria e a fome,
distribuindo cartões às famílias necessitadas, há uma grande criatividade
em promover soluções que assegurem
o trabalho e a capacidade de organização, evitando o assistencialismo e fomentando a auto-estima dos beneficiados..
No contexto dessas iniciativas, é preciso sublinhar a adesão do governo de
Minas Gerais ao programa federal.
Assim, em 5/6, foi assinado, no Palácio da Liberdade, pelo governador Aécio Neves, convênio de participação
no Fome Zero, com a presença do ministro José Graziano e dos prefeitos
dos 38 municípios escolhidos. É um
primeiro passo que vai favorecer 180
mil famílias com R$ 50 mensais. Até o
final de agosto, espera-se que estejam
inscritos todos os municípios do semi-árido mineiro. Há, no entanto, outras realizações em marcha, a começar
do Consea (Conselho de Segurança
Alimentar), instalado oficialmente em
Minas Gerais e que conta com membros atuantes sob a liderança de dom
Mauro Morelli.
Merece especial destaque a criação
da Secretaria Extraordinária para o
Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha, do Mucuri e do Norte de Minas, que atua em colaboração com o
Idene (Instituto de Desenvolvimento
do Norte e Nordeste de Minas Gerais).
A área corresponde a 37% do Estado e
abrange 187 municípios. Está à frente
da Secretaria Extraordinária a senhora Elbe Brandão Santiago. O programa procura respeitar as características
locais e aproveitar as riquezas da região. A estratégia busca unir forças,
congregar os agentes locais, aproveitar as redes existentes e possibilitar a
participação direta das comunidades.
Os projetos em curso incluem a formação dos gestores municipais, a geração de trabalho e renda, o incentivo
à agricultura familiar e a preservação
das águas e procuram despertar o potencial humano do sertanejo para o
modelo de gestão participativa de distribuição de responsabilidades. O método favorece a confiança na cooperação solidária para um desenvolvimento sustentável.
Recente reunião, em 4/6, em Belo
Horizonte, contou com a presença de
14 bispos católicos interessados no
programa. Entre os projetos, sobressai
o esforço para enfrentar o analfabetismo. A situação é premente. A média
do Estado mineiro (11,7%) é melhor
do que a média nacional (12,1%). Mas,
no Jequitinhonha e nas áreas vizinhas,
a taxa sobe para 29%, e há municípios
que chegam a ter 40% de pessoas de 15
anos ou mais que não sabem ler.
Para uma ação mais rápida em prol
da alfabetização, o Movimento de
Educação de Base, com mais de 40
anos de experiência, foi convidado a
intensificar sua atuação na área.
Essas iniciativas promissoras em
Minas e em outros Estados valorizam
a fraternidade entre os filhos de Deus,
colocam em evidência o critério evangélico da opção preferencial pelos
mais necessitados e hão de ajudar a
vencer não só a fome mas o egoísmo,
que está na raiz das injustiças sociais.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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