São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006 |
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FERNANDO RODRIGUES A identidade dos vândalos BRASÍLIA - A primeira observação sobre a invasão de ontem da Câmara é a respeito do ineficaz sistema de segurança do Poder Legislativo. Basta vestir terno e gravata,
olhar para cima e qualquer um entra ali. Ninguém é importunado. É
assim há décadas. Talvez esse seja
outro traço da "cordialidade" brasileira tão bem descrita por Sérgio
Buarque de Holanda.
É bom que não existam muros intransponíveis separando o Legislativo da população. O problema agora é de outra ordem. A degradação
dos valores do Congresso -com
seus bingueiros, mensaleiros e sanguessugas- parece ter colocado no
chão o natural respeito mínimo que
se deve ter pela instituição.
Os dirigentes do Movimento de
Libertação dos Sem Terra (MLST)
alegaram que não tinham a intenção de invadir o Congresso. Difícil
saber se falam a verdade.
O fato é que todos desceram dos
ônibus enfurecidos. Avançaram
com paus e pedras. Foi uma das
mais violentas manifestações que
se tem notícia dentro das dependências do Congresso.
O estouro de uma boiada, sabe-se, ocorre por motivos variados. A
baixa credibilidade do Congresso
não é um fator desprezível nessas
horas. Qual reverência deve ter um
manifestante pelo Congresso quando sabe que deputado atrás de deputado é absolvido depois de ter sido flagrado recebendo dinheiro de
maneira criminosa?
O escândalo dos sanguessugas
completa um mês no sábado. Câmara e Senado não se mexeram para punir os responsáveis.
Nada justifica, por certo, a violenta ação do MLST. Mas a impunidade generalizada no Congresso torna
tudo confuso. Não se sabe ao certo
quem é mais vândalo -se os que
promovem o quebra-quebra ou os
deputados e os senadores que absolvem seus colegas criminosos.
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