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CLÓVIS ROSSI
A missão Obama e o islã
SÃO PAULO - O discurso do presidente Barack Hussein Obama no
Cairo, na quinta-feira, parece o lançamento de uma missão, a de trocar
o choque de civilizações pela confluência delas (no caso, o Ocidente e
o islã).
Para quem não lembra, a tese do
choque de civilizações foi lançada
pelo cientista político Samuel Huntington (1927-2008), mas tornou-se muito mais do que uma tese a
partir dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Daí em diante, complicou-se o relacionamento entre o islã e o Ocidente, que Obama descreveu como
"séculos de coexistência e cooperação, mas também de conflito e
guerras religiosas".
A islamofobia tornou-se a regra
-e não apenas nos Estados Unidos.
Era palpável nas ruas de Londres,
por exemplo, após os atentados ao
metrô em 2005.
A regeneração desse relacionamento foi explicitada por Obama:
"A América e o islã não são excludentes, e não precisam competir.
Ao contrário, eles se sobrepõem e
compartilham princípios comuns
-princípios de justiça e progresso,
de tolerância e a dignidade de todos
os seres humanos".
Obama lembrou ainda que o islã
"pavimentou o caminho para o Renascimento e o Iluminismo" -façanhas civilizatórias que contrastam
com o caráter bárbaro que o "choque de civilizações" tratou de colar
no islamismo.
É claro, como o presidente reconheceu, que um discurso, por brilhante que tenha sido -e foi-, não
muda tudo da noite para o dia.
Resta, só para começar, traduzir
em ação prática o inédito reconhecimento, por um presidente norte-americano, de que os palestinos sofrem "humilhações diárias" [com a
ocupação israelense]. Ou de que há
uma "contínua crise humanitária
em Gaza".
O mundo todo terá muito a ganhar se a confluência de civilizações for bem sucedida.
crossi@uol.com.br
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