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Terceiro mandato
"Está ficando cansativo ler diariamente a Folha e a opinião de
seus colunistas. Só se fala no bendito terceiro mandato de Lula. Estou
começando a crer que a Folha está
torcendo pelo terceiro mandato do
presidente, ou porque gosta mesmo
dele e não assume, ou porque quer
que ele cometa esse equívoco para
depois o criticar até a morte. Ele já
cansou de falar que não quer outro
mandato, mas a mídia fica batendo
na mesma tecla. Seria bom o jornal
dar um tempo e ignorar declarações e notícias sobre o assunto.
Nós, leitores, agradecemos."
GUILHERME FREITAS (São Paulo, SP)
Greve na USP
"O editorial da Folha sobre a greve na USP incomoda ("Moinhos de
vento na USP", 6/6). Não discuto as
questões políticas envolvidas, mas
sim a forma categórica como o jornal afirma que abrir cursos a distância é "desfrutar dos serviços
educacionais" da universidade pública. Quantidade raramente caminha ao lado de qualidade. Investe-se em aumentar vagas, mas não em
dar melhores condições de trabalho a quem forma os profissionais
que deveriam ser os mais qualificados. Por fim, informo que nós, docentes e servidores da "pseudo-USP" em Lorena, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento, não recebemos o reajuste concedido pelo
Cruesp, cuja aplicação, pasmem, foi
determinada pela Justiça! O secretário-candidato Alckmin, em sua
sábia ignorância dos fatos, se cala."
ADILSON ROBERTO GONÇALVES, professor da Escola de Engenharia de Lorena - USP (Lorena, SP)
Voo 447
""Fernando de Noronha é um
posto avançado para a operação de
resgate do Airbus da Air France."
Era uma das informações trazidas
por um telejornal na quarta-feira.
Ao ouvir a notícia, voltei a um tempo da história brasileira em que a
mesma ilha era um "posto avançado", mas para operações de guerra.
A estrutura militar atual do Brasil
não se aproxima da que existia durante a Segunda Guerra Mundial e a
Guerra Fria. Mas as idas e vindas de
aviões e navios, com militares e
gente do mundo todo, transformaram o dia-a-dia da ilha. Há semelhanças com o que foi vivido quando ela era "um posto avançado na
defesa do continente americano".
Talvez a dificuldade para achar os
fragmentos do avião e a própria caixa-preta tenha resposta no fato que
a região do desaparecimento é depositária ainda de restos de materiais metálicos desse tempo de
guerras, que confundem o rastreamento de outros materiais. É torcer
que o sinal emitido pela caixa não se
perca no fundo de um mar repleto
de histórias e tragédias."
GRAZIELLE RODRIGUES, pesquisadora do Centro de
Pesquisa Histórica e Cultural (Fernando de Noronha, PE)
Parlamentarismo
"No sistema parlamentarista o
mecanismo da moção de desconfiança facilita a substituição do primeiro-ministro. Na prática, a teoria
é outra. Estamos presenciando uma
série de escândalos envolvendo primeiros-ministros, que resistem a
deixar o poder. Metade dos ministros do britânico Gordon Brown renunciou, mas ele não quer sair. Na
Itália, Silvio Berlusconi, envolvido
em escândalos sexuais e de corrupção, balança, mas não cai. Em Israel, Benjamin Netanyahu resiste
às críticas da comunidade internacional, ignorando a pressão de Obama pela solução de dois Estados."
MARCOS ABRÃO (São Paulo, SP)
Judiciário
"A decisão do Ministério Público
e do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) de investigar o Tribunal de
Justiça de Alagoas é uma vitória da
Justiça contra os marginais de toga.
Esse tipo de investigação precisa
ser feito em todos os Estados e mostrar resultados rápidos, em termos
de condenações e ressarcimentos,
para que possamos limpar o Poder
Judiciário de sua banda podre."
JOÃO AUGUSTO MOLIANI (Curitiba, PR)
Educação
"Achei extremamente pertinente
as observações do presidente do
Conselho Estadual de Educação,
Arthur Fonseca Filho (Opinião, 5/
6), acerca das mudanças nos vestibulares. No entanto, creio que talvez devesse merecer, por parte do
senhor, uma análise mais adequada
e cuidadosa do ensino estadual (básico) de São Paulo, cujo Conselho
preside. Ora, um dos Estados com a
pior qualidade de ensino do país,
que não preza nem pelas escolhas
dos livros que são destinados para
as crianças e jovens, não deveria se
debruçar tanto na etapa seguinte.
Por piores ou mais injustos e/ou
inadequados que possam ser os
exames de acesso ao ensino superior, eles poderão ser mais facilmente vencidos por estudantes
bem preparados, coisa que não parece ser o que o ensino público de
São Paulo vem realizando."
CÉLIA MARIA PIVA CABRAL SENNA (São Paulo, SP)
"Com relação ao artigo de Rudá
Ricci publicado em 3/6 em Opinião
("Educação básica: qualificação ou
"burnout"?"), gostaria de destacar
que ele não tocou em um ponto nevrálgico da relação entre alunos e
professores: o choque cultural entre esses protagonistas do processo
de ensino e aprendizagem motivado pela linguagem, valores e representações sociais. O filme francês
citado no artigo, "Entre os muros da
escola", tematiza isso, e não a indisciplina dos alunos. Está certa a tese
de Rudá: só formação não basta,
mas ela é fundamental, não se pode
discutir. Mas é urgente discutir:
que tipo de formação ajudaria os
docentes? A vida acadêmica os
aproxima ou os afasta da realidade
das escolas? Os cursos de mestrado
e doutorado cumprem qual papel
na busca de alternativas para a
atual situação da educação?"
GRAÇA SETTE (Belo Horizonte, MG)
Obama
"O discurso de Barack Obama no
Cairo lembra os de Shimon Peres
no período em que o presidente de
Israel ainda estava inebriado com o
"Novo Oriente Médio" tolerante e
cooperativo que despontava no horizonte do imaginário ocidental. Algumas intifadas e guerras depois, a
guinada do voto israelense para a
direita é apenas um dos sintomas
da ressaca que se seguiu à euforia.
Obama acertou em cheio na escolha do campo no qual pretende enfrentar o islã radical: os corações e
as mentes dos muçulmanos. É exatamente aquilo que importa para os
que perpetraram os atentados de 11
de Setembro. Só que, no terreno escolhido, o ódio aos infiéis do Ocidente ainda fala mais alto do que o
charme do presidente americano. E
quando a reação vier, esperamos
que os Estados Unidos tenham bem
mais sucesso do que Israel teve
quando arriscou optar pela paz."
JORGE A. NURKIN (São Paulo, SP)
"Pode ser protocolar o discurso
de Barack Obama, mas ele segue um
caminho diferente e corajoso à
frente da maior potência mundial.
Num futuro não muito distante poderá ser reconhecido como um dos
grandes presidentes dos Estados
Unidos de todos os tempos."
MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP)
Metrô
"O metrô tem preocupação com
obesos mórbidos e deficientes em
geral, mas não teve o mínimo de
bom senso para com as pessoas altas. Seus novos trens são baixos demais, e quem é alto tem de andar
encurvado para não bater no teto e
na parafernália de canos. Nos trens
antigos já tínhamos de ter cuidado
para não bater a cabeça; nos novos,
a situação ficou impossível. Temos
de ficar junto às portas, atrapalhando a circulação, e mesmo assim encurvados, depois de nos abaixarmos
para poder entrar. Os responsáveis
pelos projetos e compras dos trens
devem ser anões! É ridículo!"
DENIS SCHAEFER (São Paulo, SP)
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